Novos reitores da UEM e Lúrio
- afirma Paulus Gerdes, ao anunciar ao ministro da Educação, por e-mail, a sua demissão de presidente da Comissão Instaladora da Universidade do Lúrio
1. - “…Violaram-se princípios fundamentais das nomeações.”
2. - “…Reitores das universidades devem ser professores universitários de carreira.”
3. – “…Num estado laico, uma universidade pública não pode ser dirigida por um sacerdote que não é cientista.”
A comunidade universitária nacional entrou em «estado de choque» com a nomeação, no dia 23 de Fevereiro, dos Reitores da Universidade Eduardo Mondlane e Universidade do Lúrio. Quem o afirma é Paulus Gerdes em carta que dirigiu ao ministro da Educação, com conhecimento ao ministro da Saúde e ex-Reitor do ISCTEM, Ivo Garrido, e ao ministro da Ciência e Tecnologia e ex-vice-reitor da UEM, Venâncio Massinga.
Na mesma carta, o professor doutor Paulus Gerdes anunciou a sua demissão de presidente da comissão instaladora da Universidade Lúrio.
Para além de se demitir, Gerdes deixa claro, em três passagens, que se demite indignado.
Os pontos em que se pode resumir a indignação de Paulo Gerdes são explícitos:
- “…Violaram-se princípios fundamentais das nomeações.”
- “…Reitores das universidades devem ser professores universitários de carreira.”
– “…Num estado laico, uma universidade pública não pode ser dirigida por um sacerdote que não é cientista.”
“…Uma universidade pública não pode ser dirigida por um sacerdote que não é cientista, independentemente da simpatia que podemos nutrir pela pessoa nomeada (NR.: Padre Filipe Couto) cujas teses de doutoramento são sobre “esperança na incredulidade” (1971) e “Moral das relações internacionais (1980)»”, assim se expressa Paulo Gerdes na carta a Aires Aly, ministro da Educação desde que Armando Guebuza chegou à Presidência da República.
Na carta, Paulus Gerdes começa por dizer que “com a nomeação do Reitor da Universidade Lúrio, cesso automática e imediatamente a minha função de Presidente da Comissão Instaladora da Universidade Lúrio” e “lamento que sugestões e propostas minhas e da Comissão Instaladora não foram tomadas em consideração.”
O autor da carta, a certo ponto refere que no final da cerimónia de encerramento do Seminário Nacional sobre Investigação, presidida por Luísa Diogo, pôde constatar “ao conversar com vários colegas professores” que a comunidade universitária nacional entrou em “estado de choque” com a nomeações do presidente da República.
Naquela mesma ocasião em que Gerdes diz ter-se apercebido da opinião de “vários colegas” foi, segundo ele, lançado o livro «Teses de doutoramento de Moçambicanos e sobre Moçambique» “que tinha sido elaborado por mim, em parte, no contexto da preparação da Universidade do Lúrio.”
“Com a publicação deste banco de dados faz-se também um apelo para uma valorização dos cientistas nacionais mais formados e experientes”, pode-se ler também numa das passagens da carta ao ministro da Educação, com cópia para outros dois ministros.
(Fernando Veloso) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 01.03.2007