A Cimeira de emergência e extraordinária da SADC decidiu ontem indicar o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, para facilitar o diálogo entre o chefe de Estado do Zimbabwe, Robert Mugabe, e o líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), Morgan Tsvangirai.
Entretanto, o presidente da República, Armando Guebuza, regressa esta manhã ao país, após ter tomado parte do encontro, que registou o compromisso de Mugabe para conversar com o seu adversário político e principal líder da oposição zimbabweana.
A decisão foi anunciada pelo presidente da Tanzania, Jakaya Kikwete, em conferência de imprensa que marcou o fim da cimeira de emergência convocada para analisar a situação no Zimbabwe, cuja atmosfera foi considerada pelo estadista anfitrião como de confrontação e não salutar.
Segundo o presidente Kikwete, os líderes da região tomaram a decisão bem informados, pois ela é fruto de uma série de contactos havidos com o governo do presidente Mugabe e com a oposição. As partes têm-se acusado mutuamente pela deterioração da situação no país. O trabalho do presidente Mbeki será o tentar de aproximar as posições das partes, de forma a reduzir as suas diferenças.
A cimeira acredita no sucesso do trabalho de Mbeki porque, segundo o presidente Kikwete, o estadista sul-africano é uma figura de consenso entre as partes intervenientes. Contudo, os líderes da região pediram as partes para serem cooperativos e não perderem a oportunidade criada a partir desta cimeira de Dar-es-Salam. Para isso, os nove presidentes da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) presentes na capital tanzaniana, pediram ao governo do presidente Mugabe e à oposição zimbabweana para se absterem de quaisquer actos passíveis de minar a iniciativa e criarem uma atmosfera conducente à estabilidade e a retomada do processo democrático.
Kikwete disse que desta vez a abordagem dos líderes regionais sobre o Zimbabwe ganhou um outro nível de seriedade e que terão dito a Mugabe, que qualquer tentativa de cada uma das partes, de impedir o diálogo resultará num desastre para o país.
O presidente Mbeki, cujo país tem sido o mais pressionado para intervir na crise zimbabweana, trabalhará nesta missão com a troika da SADC sobre questões de Politica e Segurança, liderada pela Tanzania.
A cimeira considerou difícil a situação económica no Zimbabwe, onde a economia está de rastos, com a inflação atingindo 1600 porcento e os índices de desemprego bastante altos. Neste contexto, a cimeira recomendou ao secretariado da SADC para fazer um estudo e trazer soluções à cimeira, a fim de este órgão decidir sobre o que fazer para tirar o Zimbabwe da situação.
A cimeira discutiu ainda a situação na RDCongo, cuja capital foi palco de confrontação entre o exército regular e as milícias afectas ao candidato derrotado, Jean-Pierre Bemba. Neste caso, os líderes da região disseram que não era permissível a continuação de grupos armados e apelaram para a sua integração no exército nacional ou então a sua desmobilização para dar lugar a reconstrução do país após anos de guerra.
O Lesotho foi outro ponto discutido, tendo os presidentes decidido enviar uma delegação ministerial para ajudar a resolver o problema decorrente da não-aceitação dos resultados parlamentares, realizados ano passado naquele país, encravado na África do Sul.
Os debates à porta fechada, prolongarem-se por mais de sete horas, razão que levou alguns líderes, como o presidente Armando Guebuza a adiar o seu regresso a Maputo para hoje.
NOTÍCIAS - 30.03.2007