Pelo menos 2 500 membros da Polícia anti-motim de Angola são esperados a partir do dia 1 de Abril no Zimbabwe, para ajudar o Governo do Presidente Robert Mugabe a reprimir a crescente onda de contestação
ao seu regime.
De acordo com fontes ligadas aos serviços de inteligência zimbabweanos, o envio daquele contingente enquadra-se num acordo de cooperação conjunta para a ordem e segurança, assinado entre os dois países na semana passada.
Mugabe está a enfrentar uma crescente onda de resistência ao seu regime, liderado pelo maior partido da oposição, o Movimento para a Mudança Demorática (MDC), e organizações cívicas.
A Polícia zimbabweana, que já chegou a ter cerca de 25 mil homens, tem estado a ver os seus efectivos a reduzir devido a deserções nos escalões mais baixos, em protesto contra salários baixos e más condições de trabalho.
No início do mês, o comandante geral da Polícia do Zimbabwe, Augustine Chihuri, admitiu que a força policial estava mal preparada para lidar com as violentas manifestações da oposição.
A fonte sublinhou que as deserções, e a incapacidade da Polícia de lidar efectivamente com as manifestações da oposição, haviam forçado o Governo do Zimbabwe a solicitar o apoio angolano.
“Os angolanos virão em diferentes grupos, sendo que o primeiro, de mil homens, é esperado a 1 de Abril, e os restantes, em efectivos mais pequenos de 500, irão chegar até ao fim do mês”, disse a fonte.
O ministro do interior, Kembo Mohadi, encontrou--se na semana passada com o ministro do Interior de Angola, General Roberto Leal Ramos Monteiro “Ngongo”, para discutir as modalidades do acordo.
A fonte disse que a visita de Monteiro serviu de oportunidade para avaliar a situação no terreno, antes do envio do contingente policial.
Instado a pronunciar-se sobre o assunto, Mohadi confirmou o envio da força angolana, mas disse que esta deslocava-se ao Zimbabwe como parte de um intercâmbio de formação.
“Sim, assinámos um memorando de cooperação na última quinta-feira, e ele destina-se a garantir a ordem e segurança públicas para ambos os nossos povos e para o resto da África Austral em geral. Não posso dizer quantos do efectivo angolano virão, mas eles estão a vir apenas como parte de um programa de intercâmbio com base no qual os nossos próprios oficiais irão deslocar-se a Angola num futuro próximo. Já fizemos isso no passado e não é nada de novo”, disse Mohadi.
— ZimOnline - SAVANA - 23.03.2007