As explosões da semana passada no paiol militar de Maputo poderão ter feito cerca de 150 mortos, noticia hoje a imprensa moçambicana, que refere terem sido recolhidos aproximadamente três mil engenhos explosivos disparados quinta-feira.
"Poderá estar a aproximar-se da centena e meia o número de mortos causados pelas explosões de quinta-feira última", refere hoje um dos principais jornais do país, que indicam existirem já 117 vítimas mortais confirmadas só no Hospital Central de Maputo (HCM).
A estes deverão acrescer os restos mortais de vítimas por identificar nas morgues do HCM e os corpos que se encontram ainda debaixo dos escombros de edifícios arrasados pelas munições. Não foi também divulgado o número de militares em serviço no paiol vitimados pelas explosões.
De resto, dezenas de famílias continuam a contactar a morgue do HCM para identificação de corpos de parentes.
O número de feridos continua a ser de cerca de 500, 45 dos quais ainda se encontram internados no HCM.
Numa altura em que foram a enterrar 26 das vítimas da catástrofe, e devolvidas às respectivas famílias 346 crianças perdidas desde quinta-feira (o pânico levou ao desaparecimento momentâneo de muitos menores),calcula-se em cerca de 3.000 o número de engenhos explosivos já recolhidos em vários bairros de Maputo.
As explosões no paiol de Moçambique, recorde-se, levaram ao disparo desordenado de munições de artilharia de vários calibres sobre quase todos os bairros situados num raio de cerca de 10 quilómetros em redor da unidade militar.
A organização internacional Handicap International está, de resto, a levar a cabo uma campanha de sensibilização, denominada "não toque os engenhos explosivos", visando prevenir os residentes dos bairros circunvizinhos do quartel de Malhazine de eventuais acidentes ligados à manipulação de engenhos ainda não deflagrados.
O trabalho pretende ainda facilitar a identificação e localização daqueles engenhos explosivos antes da sua remoção - alguns dos projécteis foram projectados para dentro das casas e estabelecimentos comerciais -, que está a ser feita por sapadores da Forças Armadas moçambicanas.
Cerca de 100 psicólogos foram, entretanto, mobilizados para prestar assistência aos afectados pela tragédia de quinta-feira, nomeadamente às crianças órfãs.
O Centro Operativo de Emergência (COE), activado depois dos acontecimentos da semana, está, por seu turno, a distribuir "kits" constituídos por arroz, farinha de milho, peixe, feijão manteiga e óleo, às famílias atingidas.
Embora o Governo esteja a custear as despesas fúnebres, os moradores do bairro de Malhazine (onde está situado o paiol) criaram um núcleo de coordenação de actividades, que está a trabalhar em parceira com as autoridades governamentais na reparação dos danos causados pelas explosões.
Informações postas a circular via telemóvel dão conta de realização de uma manifestação, no próximo sábado, com objectivo de exigir uma maior responsabilização do Estado no apoio às famílias atingidas pelos projécteis disparados do principal paiol do país, que há três meses, registou idênticas explosões.
Na segunda-feira, a FRELIMO, no poder em Moçambique, exortou o Governo a conceder "apoio adicional" às famílias afectadas pelas explosões do paiol de Maputo, congratulando, no entanto, a assistência já dada pelas autoridades às vítimas do acidente.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 26.03.2007