Pita e Luisa Nhandima, respectivamente, irmão e mãe de Jorge
O GOVERNO do município de Dresden, na Alemanha, decidiu atribuir o nome Jorge Gomandai a uma praça pública, na principal rodovia da cidade, em homenagem àquele moçambicano assassinado em 1991 por um grupo de extrema-direita por motivos raciais. O baptismo da referida praça terá lugar esta sexta-feira, em cerimónia que contará com a presença de familiares e amigos da vítima, além de representantes do Governo moçambicano.
Maputo, Quarta-Feira, 28 de Março de 2007:: Notícias
Um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação recebido ontem na nossa Redacção, indica que o Governo moçambicano aprecia a decisão tomada pelo Conselho Municipal da Cidade de Dresden, por expressar o cometimento das autoridades alemãs no combate ao racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância.
Outro motivo que satisfaz o Governo de Moçambique é o facto de a praça que vai tomar o nome de Jorge Gomandai ser a primeira na República Federal da Alemanha dedicada a um africano e moçambicano vítima da violência racial e xenofobia que nalgum momento assumiram proporções preocupantes naquele país europeu.
Pita Gomandai e Luísa Nhandima, respectivamente irmão e mãe da vítima, encontram-se desde a última terça-feira em Maputo vindos do distrito de Gondola, província de Manica, em trânsito para a Alemanha onde vão assistir à cerimónia de consagração da praça a convite do Governo de Dresden.
Em conversa com a nossa Reportagem, eles disseram ter tomado conhecimento do trágico incidente dois dias após a ocorrência, através dos serviços noticiosos do canal público de Rádio. Segundo eles, Jorge Gomandai encontrava-se na Alemanha desde 1981, para onde fora ao abrigo dos contractos de trabalho que levaram outros milhares de moçambicanos para aquele país. O funeral de Gomandai realizou-se na cidade de Chimoio, sensivelmente um mês após a ocorrência, depois de ultrapassados os constrangimentos que Pita Gomandai afirma terem surgido ao longo do processo.
Sobre as circunstâncias em que o crime ocorreu e a justiça eventualmente feita aos autores, a família Gomondai afirma não estar elucidada ainda, esperando aproveitar esta deslocação para se informar melhor sobre o que efectivamente aconteceu.
Aliás, Luísa Nhandima, a mãe da vítima, disse esperar que esta deslocação lhe permita ao menos ver o local onde o filho foi morto, já que até aqui nada de concreto foi comunicado à família relativamente ao processo.
Sobre este assunto, o director de Assuntos Jurídicos e Consulares no MINEC, Mateus Zimba, disse ao “Notícias” que o Governo tem estado a intervir apenas como um elo que facilita a ligação entre a família Gomondai e as autoridades alemãs, tendo no entanto assegurando que o Executivo vai prestar todo o apoio necessário em todas as fases que o processo ainda vai seguir até ao desfecho.
Zimba acrescentou que de 1991 a esta parte as autoridades nunca foram notificadas sobre alguma outra ocorrência similar, tanto na Alemanha como noutros países europeus, o que segundo ele pode ter a ver com a postura calma e ponderada, característica dos moçambicanos.