O Parlamento moçambicano rejeitou hoje a audição pedida pela RENAMO, principal partido da oposição, à administração da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) sobre a responsabilidade da empresa nas cheias no vale do Zambeze.
A RENAMO tem acusado a administração da HCB de "negligência", responsabilizando a gestora da barragem de Cahora Bassa pela dimensão das recentes inundações no centro do país.
Para o principal partido da oposição, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa deveria ter começado mais cedo a libertar água da sua albufeira, preparando com mais antecedência o provável aumento do caudal do rio no decurso da época chuvosa.
O governo moçambicano afastou, entretanto, a existência de qualquer responsabilidade da empresa gestora da barragem de Cahora Bassa nas graves cheias que atingiram o vale do Zambeze.
Pelo contrário, reforçou o ministro moçambicano da Energia, Salvador Namburete, a forma como a HCB geriu a situação permitiu mesmo "evitar o pior".
O excessivo enchimento da albufeira da barragem de Cahora Bassa, provocado por chuvas intensas que caíram nos países vizinhos (Malaui, Zimbabué e Zâmbia) levou à abertura progressiva das comportas do empreendimento, que chegaram a lançar 8.400 metros cúbicos de água por segundo (valor muito próximo do tecto máximo de 10.000 metros cúbicos por segundo).
No vale do Zambeze, as piores cheias dos últimos anos atingiram 285 mil pessoas, 107.534 das quais foram encaminhadas para 54 centros de realojamento temporário.
O projecto de resolução, destinado a levar o assunto à Comissão de Actividades Económicas e Serviços da Assembleia da República moçambicana, foi rejeitado com os votos contra da FRELIMO.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 30.03.2007