O ESTADO de assoreamento em que se encontra actualmente o canal de acesso ao porto de Angoche, situação que constitui perigo para atracagem de navios de maior calado, está a afectar sobremaneira o rendimento daquela infra-estrutura, segundo indicam dados da Administração Marítima distrital.
Há cerca de dois anos o Governo fez alguns investimentos na área de balizagem, marcando desta forma a reabertura daquela infra-estrutura, com olhos postos no projecto de areias pesadas de Moma, que projectava o uso do porto para expedição e recepção de uma parte do material a ser usado naquele mega-empreendimento.
Todavia, segundo apurámos, devido aos problemas de assoreamento, desviou-se o tráfego para a Ilha de Mafamete, localizada a 12 milhas náuticas de Angoche, onde foi construído um porto alternativo e actualmente em uso.
O empresariado local, que podia constituir fonte alternativa para a rentabilização do mesmo porto, através do escoamento de produtos agrícolas para as várias ilhas existentes na costa de Angoche, queixa-se de baixo poderio económico para grandes “aventuras” comerciais.
Baptista Rodrigues, director provincial dos Transportes e Comunicações, admite que como porto terceário, o de Angoche está a registar uma renda muito baixa, facto que, segundo ele, não deixa de ser preocupante.
Informações apuradas pelo nosso Jornal indicam que ao longo do ano transacto, o porto registou a atracagem de apenas oito embarcações, de pequeno calado, maioritariamente afectas às empresas pesqueiras que operam no Banco de Sofala.
FISCALIZAÇÃO MARÍTIMA COM BARCOS EMPRESTADOS
O administrador marítimo do distrito de Angoche, Maulide Nuro, reconhece a pouca capacidade de fiscalização da costa sob sua jurisdição, situação que abre espaço para o cometimento de diversos tipos de desmandos, protagonizados essencialmente por barcos estrangeiros, que se dão ao luxo de pescar ilegalmente nas águas nacionais, destruindo impunemente as redes dos pescadores.
“Não temos nenhum meio de fiscalização”, explicou a fonte, acrescentando que quando há dinheiro, “compramos combustível e pedimos emprestada a embarcação de um dos pescadores local para uma ronda”, não sendo possível ultrapassar as 12 milhas, devido à natureza dos próprias embarcações.
De referir que estes problemas não afectam exclusivamente o distrito de Angoche, são comuns a toda costa marítima da província de Nampula. Aliás, terá sido em virtude desta fragilidade que uma rede de traficantes de seres humanos fez desembarcar, o ano passado, nas praias do distrito de Nacala-Porto, imigrantes ilegais.
Maputo, Sábado, 24 de Março de 2007:: Notícias