Por estas alturas de crises, tanto as causadas pela natureza como as artificiadas pelo próprio homem, muitos têm sido os episódios de índole política. O Governo, por aquilo que se diz, saiu do gabinete para o terreno dos acontecimentos, sobretudo no quadro das indeléveis explosões do PAIOL militar de Mahlazine, emMaputo, alegadamente para acompanhar de perto as consequências do incidente e...para a tomada de decisões.
Até aqui, e isso já foi pública e corajosamente assumido pelo Presidente da República, Armando Guebuza, o Governo é o único culpado. Foram vidas e vidas inocentes que se foram, meus irmãos, se calhar, por irresponsabilidade de um grupo de indivíduos ou do Governo.
Mas deixo as sequelas daquele fatídico dia 22 de Março. Quero é comentar um pouco à volta do "show-off" da Primeira-Ministra, Luísa Diogo, no funeral do dia 26 de Março corrente, num dos cemitérios do Bairro Zimpeto. Ficaria era Luísa Diogo, como Primeira-Ministra, não fazer aquela coluna que levou para o aludido cemitério, com carros bem polidos e com lágrimas de crocodilo, como quem estivesse a participar ao funeral.
Naquela tarde, meus irmãos, os funerais eram tantos e em simultâneo que, mesmo as lágrimas se esgotavam, pela sucessividade e ineditismo do acto, pelo menos nos últimos anos. A nossa Primeira Ministra apareceu como apareceu, provavelmente enquadrada nas tais brigadas que andam a desfilar por estes dias, assistiu a um funeral, das tantas que alí estavam a se realizar e, daí, "bazou" com a sua coluna de "Nissanes Patrois", para o espanto da OMM e outras mamanas e acompanhantes presentes. Espanto porquê?
Porque muitos acorreram para o cemitério do Zimpeto para assistir a sepultura daquela, se calhar, que era a família mais atingida mortalmente na sequência das explosões do paiol de Malhazine. Ou seja, num mesmo quintal morreu a mãe e com ela os seus cinco filhos, numa sentada só! Chocou! E isso levou a que muita gente fosse em massa acompanhar aqueles inocentes cidadãos perecidos na Quinta-Feira da semana passada. Era um desfile de urnas contendo os seis membros daquela família de Laulane. E, a nossa Primeira-Ministra nem esperou pela sepultura, pelo menos de um deles, metendo-se no ar condicionado do Pajero para a cidade, quando muitos pensavam que tinha para alí ido lamentar aquela que, creio eu, e apesar de não haver mortos mais importantes que outros, era a morte mais sentida e comentada em Maputo, pela sua recordicidade.
Aliás, a Renamo e outros partidos da oposição teve esse raciocínio e, fez-se lá em massa, tomando, se calhar, partido disso. Porque ouvia-se:- "Até a Renamo ficou!".
Contudo, não concordaria era o comportamento do deputado António Muchanga que, ao invés de demonstrar civismo ao Povo que diz estar a representar no Parlamento, ficou a soltar gritaria e, vezes havendo, em que até ocasionava interrupções imprevistas na cerimónia religiosa. Não ficou bem para uma individualidade à dimensão dele e, igualmente, para o seu partido. Esteve alí com o seu colega Namburete e outros, mas estes não foram baixos como o fez António Muchanga. Aquilo era estragar cerimónias dos donos e ali não era lugar para fazer política.
"O Governo é assassino... O Governo mata o povo, etc", eram algumas das palavras constantemente proferidas por aquele deputado. O fórum era impróprio.
E, sinceramente, O estilo da Primeira-Ministra não mereceu bons comentários e, acima de tudo, o Governo, como o dono do problema.
Ramos César Alí-Laulane, Maputo
VERTICAL - 29.03.2007