O perigo ainda é grande no Paiol de Malhazine
...explodiram apenas dois
– Imagens obtidas via satélite, na passada quinta-feira, 22 minutos após a deflagração do paiol de Malhazine, indicam que sete dos nove arsenais de material bélico ainda continuam intactos.
Foram os arsenais da primeira fila – de três que existem – que explodiram.
Explodiram os do sector norte da ala oeste de acordo com as imagens que mostram também que há um grande espaço de vegetação entre os diversos armazéns.
O primeiro caso registou-se em Janeiro do corrente ano. Desde 25 de Setembro de 1985 que não se
registavam episódios nos arsenais.
O segundo desastre ocorrido na quinta-feira 22 de Março, eclodiu cerca das 16 horas e durante horas ouviram-se na cidade fortes explosões. Ainda não foram encontrados responsáveis pelo sucedido.
Fala-se já em oficiais superiores das Forças Armadas detidos, mas não há confirmação de fonte oficial.
Pelas imagens, o paiol está localizado dentro daquilo que pode ser descrito como o pulmão de Maputo. Por via satélite os arsenais são visíveis a partir de cima para baixo, como uma precisão incrível, e navegando pelo mapa que o directório do motor de busca do «Google» oferece, é possível aproximar as imagens e caminhar por entre os caminhos do interior do paiol. Uma bola de nuvem negra, a primeira grande que subiu os céus de Maputo, vê-se, na precisão da imagem a
galgar os céus de Maputo.
Passando uma cautelosa vista de olhos pelo resto dos arsenais, a teoria do “aquecimento” propalada para consolar a população e tentar ilibar as autoridades, cai por terra.
O primeiro arsenal a esquerda, da última fila, o do meio da fila também do meio, e o primeiro da fila de cima apresentam o reflexo intenso e de ferir a vista, dada a intensidade do sol que se fez sentir naquele dia trágico em Maputo.
Nota-se também a “desertificação” após as explosões se darem.
Com a medida pelo presidente da República, Armando Guebuza, e que aponta para a transferência “o mais rápido possível” do paiol, cresce agora, naturalmente, uma nova preocupação dos cidadãos. Querem saber para onde vai, mas estão sobretudo preocupados com a forma como irá ser manuseado o muito material bélico que ainda ali se encontra nos diversos arsenais que ocupam uma
área de vários hectares bastante arborizada com um dos alçados maiores paralelos à Estrada Nacional n.º1 e a entrada pela Av. Lurdes Motola.
A zona é bastante arborizada e receia-se que este único pulmão que resta na cidade de Maputo venha a ser também destruído já não pelas bombas mas pelo homem em possíveis negociatas de terras que se venham a seguir à transferência do paiol daquele local para outro ainda não identificado.
Enfim, as novas tecnologias, nos dias de hoje, permitem este tipo de visualização, por vezes, tal como em algumas guerras, em tempo real.
Para melhor se aperceber do que dizemos os próprios leitores, com os seus próprios olhos poderão visitar via «Google Maps», não só o Paiol como todos os outros espaços da capital de Moçambique, do país e do mundo em geral. Resta saber se a mais civil de todas as comissões de inquérito criadas em Moçambique para averiguar uma causa de natureza militar e respeitante à explosão de dois arsenais de material bélico, já viu as imagens a que se pode aceder via «google».
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 29.03.2007