Ambiente de negócios
Por Salane Muchanga
Moçambique encontra-se mal colocado no ranking internacional do “Doing Business” 2007, estando na centésima quadragésima posição dos 175 países avaliados para classificar as facilidades de negócio.
Estes dados foram revelados, na semana passada, por Rita Ramalho, representante do Banco Mundial, quando apresentava o relatório sobre o “Doing Business” 2007, em Maputo.
Apesar de o país estar a concorrer para atingir o primeiro lugar na região Sul de África, em termos de facilidade de negócios, Rita Ramalho diz que “é difícil fazer negócio em Moçambique”. Para fundamentar a sua opinião, aponta as dificuldades que o país tem em reduzir ou eliminar o capital mínimo, que é uma das formas que promove negócios em outros 53 países que já o eliminaram. Segundo ela, o defeituoso sistema de justiça moçambicano contribui para as barreiras ao investimento. Aponta igualmente a necessidade de o país reduzir o número de licenças exigidas e minimizar mais os processos burocráticos na tramitação de documentos para abertura de empresas.
A representante do Banco Mundial considera que Moçambique está a procurar simplificar a regulamentação de negócios, o que contribui para a abertura de mais empresas e para atrair mais investimentos. Ela reitera que “a posição no ranking melhorou, mas não o suficiente para atingir o nível em que os outros países se encontram”. Por isso, segundo afirmou, “Moçambique, para atingir os níveis mais altos, necessita de trabalhar mais, acelerar o passo, pois este problema não tem a ver com a estrutura do Governo, mas, sim, com o empenho das pessoas que constituem o Governo”.
Falando na ocasião, António Fernando, ministro da Indústria e Comércio, reconheceu que há necessidade de o país criar condições para promover um ambiente de negócios melhor. Para tal, segundo declarou, o país tem vindo a realizar, nos últimos tempos, diversas actividades com vista à eliminação das barreiras ao investimento. Como exemplos, apontou a revogação do Código Comercial de 1888 e a entrada em vigor do novo Código e também a aprovação do Código de Registo das entidades legais que desburocratizam o processo de criação e registo de empresas. O uso das tecnologias de informação, a criação de um Centro de Informação de Negócios e a institucionalização dos Balcões de Atendimento Único foram outros passos que, segundo o ministro, contribuem grandemente para favorecer o ambiente de negócios no país.
Discordância
Após a apresentação do relatório do Banco Mundial sobre o “Doing Business” 2007, que coloca Moçambique nos países de menor facilidade de negócios, alguns trabalhadores do Ministério da Indústria e Comércio (MIC) contestaram a informação.
Para eles, a apresentação de Rita Ramalho, de certa forma, não reflecte a verdade no tocante ao estágio actual em que o país se encontra, em termos de ambiente de negócios.
Argumentam que o Banco Mundial, para avaliar o ambiente de negócios no país, tomou como principal base a entrevista a advogados, o que, nas suas percepções, não pode trazer dados taxativamente correctos. “Olhando para a nossa realidade, são poucas as pessoas que, quando desejam abrir uma empresa, recorrem a advogados, sobretudo quando se trata de pequenas e médias empresas”, apontaram.
Referem ainda que, para fazer o seu trabalho, o Banco Mundial pode ter entrevistado pessoas que não sejam as adequadas para fornecer dados fiáveis para produzir relatório“, e colocam a hipótese de que “podem ter falado com pessoas que não estejam devidamente informadas sobre o actual estágio em que o país se encontra, no que diz respeito às diferentes reformas que estão a ser efectuadas”.
Quanto à eliminação do capital mínimo, alguns trabalhadores do MIC são a favor dessa medida e outros são contra. Na opinião destes últimos, “o que se deve fazer não é eliminar o capital mínimo, mas sim reduzir o seu o valor”.
SAVANA - 27.04.207
Recent Comments