Edwin Hounnou - [email protected]
Quadros superiores da Renamo queixam-se de que a Frelimo tem meios para se fazer ao terreno. O Presidente da República quando sai em visitas de Estado faz comícios do partido. Dificilmente consegue separar quando está em missão do Estado e do partido. Mistura as coisas!
Armando Guebuza anda com quatro helicópteros quando vai às províncias, esbanjando fundos públicos. Mesmo na última viagem, que está, neste momento,a decorrer, Guebuza parece ainda ter-se apercebido que não fica bem viajar pelas províncias com quatro helicópteros. Um é quanto basta para um país como o nosso que vive de mãos estendidas à caridade internacional.
A Primeira-Dama usa meios do Estado para fazer política partidária, acusam vozes.
Andamos muito preocupados com os últimos desenvolvimentos da política interna do País. Então, compete ao
Parlamento, delinear a separação de funções. Os deputados não podem vir a público lamentar-se. Se nada fazem para mudar o cenário, não têm direito de lamentar.
Pedimos aos parlamentares para nos mostrarem um projecto de lei, que impeça a quem estiver no poder, usar meios do Estado, a favor do seu partido, embora se saiba que a bancada maioritária não deixaria passar tais intentos.
A Renamo faria o mesmo se estivesse no poder? Não ouvimos uma resposta linear e clara. Mas a Frelimo não usa bens públicos devido à ausência de lei, mas, à falta da cultura de respeito pelas leis. O parlamento aprova leis e o partido no poder viola-as. Como sempre, a Renamo está profundamente a dormir e não se apercebe do perigo que incorre.
O presidente do Burkina Faso, Thomas Sankara, dizia que o poder não se oferece, porém, arranca-se. Seria um erro muito grave que a Renamo ficasse à espera que a Frelimo lhe facilitasse a vida. Isso não vai acontecer.
A Frelimo muito desejaria que a Renamo desaparecesse, e, no seu lugar, ficassem partidos “cooperantes,” do tipo Bloco da Oposição Construtiva, de Ya-qub Sibindy, que faz coro ao propalado combate à pobreza absoluta.
O que se assiste, na verdade, é a ineptidão progressiva na maneira como a Renamo faz política. Nas suas zonas tradicionais está sendo escorraçada pela Frelimo. Assim, explica-se de que modo perdeu Niassa, Nampula e Tete.
Empatou em Manica, reduziu o número de assentos em Inhambane, Maputo-Província e Maputo-Cidade. Em três eleições consecutivas, não elegeu um único deputado em Gaza.
Esta situação deveria deixar os militantes da Renamo em pânico, mas vemo-los serenos, a dizer que o próximo comboio levará Dhlakama à Ponta Vermelha. Sem trabalho, não passa de uma ilusão!
À Ponta Vermelha não se chega de bicicleta, mas trabalhando com muita dedicação. Precisa-se de muito trabalho, factores ausentes, hoje, na Renamo que todos vemos – inerte, conformada, comprimida e deprimida!
Se a Renamo quiser alterar as coisas, vai a tempo. Deve deixar de fingir que trabalha.
TRIBUNA FAX - 30.04.2007