O Presidente da República timorense, o bispo de Díli e o primeiro-ministro fizeram hoje um apelo à paz no dia de eleições, 9 de Abril, numa sessão que marcou o regresso de José Ramos-Horta à chefia do Governo.
A iniciativa do apelo foi do Presidente da República, Xanana Gusmão, que convidou o bispo de Díli e o primeiro-ministro para o Palácio das Cinzas.
Na sua declaração, Xanana Gusmão frisou que «não pode haver intimidação» e «não se pode usar violência para influenciar o sentido de voto» de outras pessoas.
«Durante o período de campanha, nós vimos de onde vem realmente a violência, de onde vem a intolerância, de onde vem o comportamento político que não respeita os direitos do outro», afirmou o Presidente da República.
O chefe de Estado explicou que «a democracia ensina que outras pessoas também podem viver entre nós, que outras pessoas podem pensar de maneira diferente de nós e que nós não consideramos como inimigos aqueles que não pensam como nós».
D. Alberto Ricardo da Silva, bispo de Díli, afirmou que «todos os eleitores devem ir votar sem medo porque a eleição do Presidente da República é direito do povo».
«Em nome da igreja diocesana de Díli e de Baucau, queremos dirigir um apelo a todos os cristãos, a todo o povo de Timor-Leste, aos ilustres governantes, a todos apelamos para o cumprimento do dever de cidadãos de participação nas votações», disse o bispo de Díli.
D. Alberto Ricardo da Silva dirigiu o seu apelo ao «povo corajoso e heróico, que no tempo da resistência afluiu em massa às urnas para levar Timor-Leste à independência», com o referendo de 1999.
O bispo de Díli acrescentou que o povo timorense é também «corajoso para resolver com sabedoria, na verdade e justiça, no diálogo e reconciliação, a sua crise nacional, respeitando as diferenças democráticas, na unidade, liberdade e na paz».
É essa a via para «consolidar o Estado e a nação timorense fundada sobre uma autêntica democracia», considerou o bispo de Díli.
Na sua opinião, «a campanha eleitoral correu bem, apesar de tudo, apesar dos incidentes provocados por certos grupos», disse o bispo de Díli à Lusa.
José Ramos-Horta, reassumindo as funções na chefia do Governo, antecedeu a sua declaração por um agradecimento pelo «excelente papel» do vice-primeiro-ministro Estanislau da Silva, que o substituiu durante as duas semanas de campanha eleitoral.
«Domingo assinalamos a Ressurreição. Segunda-feira pode ser a ressurreição da nação, da democracia», afirmou José Ramos-Horta.
O primeiro-ministro explicou que o apelo de hoje se dirige em primeiro lugar «aos indivíduos que, nos últimos dias, foram responsáveis por incidentes».
«Os incidentes não foram, felizmente, de grande magnitude, mas incidentes desta natureza são sempre de lamentar e condenáveis».
«Pedimos que desistam de mais violência porque se eles se preocupam pela bandeira do partido e pelo seu candidato, sabem bem que qualquer acção de intimidação e de violência apenas será prejudicial para a sua causa», afirmou José Ramos-Horta.
«O nosso povo está traumatizado pela violência, por causa do passado.
Os timorenses detestam a violência e afastam-se de qualquer pessoa que a provoque», acrescentou o primeiro-ministro.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 06.04.2007