- “Não podemos correr o risco de estragar as nossas terras férteis” – Luísa Diogo
(Maputo) A Primeira Ministra de Moçambique, Dra. Luísa Diogo, voltou a afirmar no decurso da semana passada que, por ainda constituir uma cultura pouco estudada cientificamente, o Governo moçambicano definiu uma estratégia de prudência em relação ao projecto da cultura de jatropha no país.
Assim, segundo garantiu a Primeira Ministra, a cultura desta planta só pode ser feita em terras consideradas marginais, isto é, em terras pouco férteis que quase não aceitam a cultura de produtos alimentares.
“Não podemos correr o risco de estragar os nossos solos. Deus deu-nos este grande recurso e não se pode brincar com ela senão perdemo-la” – acautelou Luísa Diogo.
Embora reconhecendo que o país precisa de encontrar alternativas sustentáveis de fazer face aos elevados custos de combustíveis, a Primeira Ministra é de opinião que todo o processo de busca de alternativas deve ser feito com muitas cautelas sob o risco de o país perder aquilo que de melhor tem: a terra fértil.
“Queremos alternativas sim, mas temos que ir com muita atenção. Temos que ir com muita cautela em relação à cultura de jatropha porque a informação que temos ainda não é suficiente para avançarmos em grandes áreas”.
Uma das grandes preocupações que se coloca na cultura da jatropha tem a ver com os efeitos ambientais nefastos (toxicidade, degradação de solos e evasividade).
Desde a tomada de posse do Governo de Armando Guebuza, em Fevereiro de 2005, o interesse de Moçambique pelos combustíveis “verdes” intensificou-se e perfilam-se já projectos que deverão ultrapassar os USD200 milhões em investimentos.
Acredita-se que o desenvolvimento da produção deste tipo de combustíveis poderá diversificar os rendimentos da indústria açucareira e reduzir a dependência das importações de petróleo, para além dos milhares de postos de trabalho que proporcionará.
A estratégia e a decisão de avançar com a cultura da jatropha em Moçambique foi decidida em sessão de 30 de Maio de 2006 do Conselho de Ministros da República de Moçambique (13.ª Sessão Ordinária). A prioridade e visão estratégica foi para a cultura da jatropha curcas, um dos sub tipos venenosos desta cultura.
A Jatropha não é uma cultura tão simples como se acreditava, requer muitos cuidados, particularmente nos primeiros 18 meses de estabelecimento.
É durante estes que, com sorte, poderá dar as primeiras sementes, contudo só entra em produção plena aos 4-5 anos e mantém boa produção durante 40 anos. Mas não se pode falar de maneira segura sobre sua produtividade porque até a 3 anos atrás, não havia plantação séria desta cultura e tecnicamente monitoradas em nenhuma parte do mundo.
São conhecidas duas variações desta cultura, a comum (jatropha curcas) venenosa e outra que se encontra na América Latina, não venenosa, que até é comestível, mas é mais vulnerável à doenças, pragas e exigente em relação às condições de cultivo. Não obstante, sua introdução seria perigosa por poder confundir as pessoas e, nesse caso, a confusão de espécies aumentaria casos de envenenamento.
No país já estão em curso projectos pilotos mais concretos de bio diesel, nomeadamente em Inhambane e na Zambézia, com uso de copra (esta produzida por 800.000 famílias, estas que actualmente apenas comercializam 30%). Estes projectos pilotos produzem 1.000.000 litros / ano.
(F.Mbanze) - MEDIA FAX - 02.04.2007