Professores sob pressão do governo
Alunos devem transitar de classe
- ordena director de Educação da Cidade de Maputo
No princípio do ano lectivo corrente (2007) o director da «DEC – Direcção de Educação e Cultura da Cidade», Dinis Mongoi, deixou transparecer num encontro com os directores de escolas, adjuntos pedagógicos dos 1.º e 2.º Ciclo e chefes de planificação que os alunos não devem reprovar em massa para que se possa atingir as metas traçadas pelo governo em 100%. O «Canal de Moçambique» esteve sexta-feira última no «Instituto Superior Mãe de África», situado na Av. Vladimir Lenine em Maputo, para melhor perceber o teor da reunião de planificação orientada pela «DEC».
O director da «DEC – Direcção de Educação da Cidade» Dinis Mongoi disse que “não estamos a cumprir com as metas traçadas pelo governo. Temos que facilitar o aluno para passar de classe de modo atingir as metas traçadas”.
O director muito receoso alertava: “serei penalizado na prestação de contas porque o aproveitamento escolar não está atingir as metas traçadas. Temos escolas que não estão a cumprir com as metas exigidas”.
Mongoi disse ainda que “a «Escola Secundária Francisco Manyanga» e «Josina Machel» baixaram de aproveitamento pedagógico em 2006”.
Segundo o director Mongoi “devemos elaborar avaliações de modo que os alunos transitem de classe para obter as metas que o governo traçou”.
“O trabalho das escolas não espelha a realidade do «Ministério da Educação e Cultura» porque ainda não atingiu as metas traçadas de 100%”, acrescentaria Dinis Mongoi.
O mesmo director foi ao ponto de dizer: “não podemos apresentar lamentações de baixo aproveitamento”.
“Temos que elaborar avaliações de modo a aprovar os alunos”.
Dinis Mongoi nem margem para dúvidas deixou. “Vamos nos colocar num padrão rigoroso onde as metas devem atingir os 100% porque depois tenho que prestar a análise de aproveitamento pedagógico aos meus superiores.”
“Nós é que saímos a ganhar quando aumentarmos os níveis de aproveitamento pedagógico nas escolas. Vamos aprovar os alunos para atingirmos as metas”, insistia Dinis Mongoi.
Importa referir que fizeram parte da reunião directores nacionais do «MEC – Ministério da Educação e Cultura», directores de escolas, adjuntos pedagógicos do 1º e 2º Ciclo e chefes de planificação.
Estas “orientações” estão a retirar aos professores a sua autoridade pedagógica e de avaliação de conhecimentos num momento em que o mercado de trabalho se queixa da correspondência real dos conhecimentos com os diplomas que os candidatos a postos de trabalho exibem. Este factor, entretanto, tem sido nos últimos tempos referido como inibidor dos empreendedores e empresários. Estes queixam-se de que ao desenvolverem iniciativas que promovam mais emprego contam com pessoas habilitadas pelo ensino quando afinal, depois verificam que o nível da força de trabalho que recrutam não corresponde aos diplomas. Tudo isto cria-lhes constrangimentos de vária ordem e agora talvez por estas orientações de comece a ver melhor onde está a ponta do «iceberg».
(Conceição Vitorino) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 23.04.2007