- pede Lídia Momplé, no «Dia Mundial do Livro»
O Dia Mundial do Livro foi comemorado ontem em Maputo, também no «ISRI - Instituto Superior de Relações Internacionais» que promoveu um debate que culminou na percepção de que falta gosto pela leitura na maioria dos moçambicanos, incluindo os considerados “quadros formados”.
O debate teve a presença de alguns académicos, docentes e alguns juristas da praça.
O seu «apogeu», se assim se pode dizer, deu-se quando a escritora moçambicana, Lídia Momplè, quebrou o gelo ao afirmar categoricamente: “não há ideia de que Moçambique precisa de livros”.
“Não há política do livro”.
“Não sei onde vai o nosso país”, disse Momplé assegurando que, em termos de literatura, “não há investimento no livro”.
“Isso deve-se ao analfabetismo recorrente”, acrescentaria a mesma interveniente.
Foi neste debate de duas horas que alguns estudantes da Faculdade de Letras acabaram por fazer suas as palavras de Momplè. Alguns presentes levantaram o problema da classe do professorado ser a culpada aparente da falta de gosto pela leitura que se faz sentir em Moçambique. Disseram alguns intervenientes que por os professores não cultivarem a leitura, consequentemente, multiplica-se o fenómeno para os discentes.
Alunos angolanos, disseram que no seus país o problema “é igual”.
“É igual no nosso país. A leitura do livro está esquecida em Angola”.
O caso deu para pensar. Mas ficou por se concluir qual será realmente o motivo para que a leitura do livro não faça parte das preocupações em Moçambique. Será que foram as guerras sucessivas que empurram todos para a sobrevivência social e poucos ou nenhuns estejam em condições de ter rendimentos de sobra para proveitos tão caros?
Será que os que constroem os preços e os salários em Moçambique estão preocupados com que o livro faça parte do cabaz de quem labora para se alimentar a si, criar filhos, sustentar família, e ainda ler um livro?
Enfim, o que pode fazer um cidadão para que um livro faça parte dos seus hábitos?
Não houve respostas. O Dia do Livro continuou este ano de 2007 a ser em Moçambique apenas o dia para se sonhar com livros. Afinal ainda há muito com que se “abensonhar”…
(Carlos Humbelino) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 25.04.2007