A VIZINHA República do Zimbabwe tenciona translocar, entre Maio e Agosto próximos, cerca de 400 bois-cavalo, 200 zebras e 150 búfalos para o Parque Nacional da Gorongosa (PNG), em Sofala. Estes animais vão ser adquiridos concretamente numa das zonas de conservação localizada a norte daquele território, área fronteiriça com Moçambique.
Maputo, Segunda-Feira, 23 de Abril de 2007:: Notícias
Trata-se de uma iniciativa apoiada pela Fundação CARR, dos Estados Unidos da América, no âmbito da recuperação daquela estância turística que, em Agosto passado, arrancou com a translocação de 54 búfalos directamente do Kruger Park, na República da África do Sul.
O administrador do Parque Nacional da Gorongosa, Roberto Zolho, que avançou esta informação ao “Notícias” na Beira, não precisou os valores necessários para a aquisição daquelas espécies animais, mas descreveu que a iniciativa está enquadrada na multiplicação das espécies mais dizimadas no último conflito armado no país particularmente naquela área de conservação. Com este processo, segundo as previsões, tudo indica que o sistema ecológico do PNG ficará estabilizado nos próximos tempos.
Referiu que os búfalos então translocados da “terra do rand” adaptaram-se com facilidade ao clima e à vegetação do Parque Nacional da Gorongosa, sendo que todas as 46 fêmeas se apresentam prenhes, embora ainda permaneçam confinados num santuário de uma área calculada em seis mil hectares durante um período de tempo indeterminado até se reproduzirem juntamente com os respectivos dois machos. Inicialmente, haviam sido desembolsados 670 mil dólares para a compra destes búfalos e para a construção do santuário. Infelizmente, seis daqueles herbívoros morreram na mesma semana devido ao cansaço depois de uma longa viagem de 48 horas, representando um prejuízo na ordem de 120 mil dólares.
“Os búfalos estão bem adaptados, fortes e saudáveis. As 46 fêmeas estão todas prenhes. O único nosso receio era o provável ataque de moscas tsé-tsé, mas nem isto aconteceu. Por isso, o perigo já passou e eles movimentam-se livremente no seu ‘habitat” – indicou Zolho.
Em tempos idos, o Parque Nacional da Gorongosa chegou a ter uma média de 15 mil búfalos, mas o efectivo foi drasticamente reduzido estando neste momento situado em apenas 50 animais. Assim, espera-se que com a translocação em curso seja impulsionada a multiplicação destas espécies. O facto acontece numa altura em que a Fundação CARR está a negociar com o Ministério de Turismo a gestão do Parque Nacional da Gorongosa. Enquanto esta intenção não se concretiza aquele organismo estrangeiro achou por bem avançar na recuperação de infra-estruturas e da fauna daquele lugar.
Deste modo, segundo a nossa fonte, decorrem as obras de restauração física do acampamento de Chitendo, sede turística do Parque Nacional da Gorongosa, oferecendo e assim, as condições para a promoção de turismo aos nacionais e estrangeiros. Brevemente vão ser inauguradas nove rondáveis com 18 camas-extras. Funcionam algumas rondáveis com 12 camas e há espaço para o campismo.
“Estamos em condições de receber turistas, pois abrimos picadas numa extensão de quatro quilómetros. Esperamos que as obras das rondáveis terminem em Junho próximo, enquanto se prepara a reabilitação da via que dá acesso ao Chitengo, estando na fase de lançamento do concurso público para a adjudicação da empreitada”, disse.
O Parque Nacional da Gorongosa, que está a recuperar dos escombros, conta com uma área de 3770 quilómetros quadrados onde vivem cerca de 15 mil pessoas distribuídas por nove comunidades. Anualmente, encerra ao turismo na época chuvosa e reabriu semana passada ao público.
HORÁCIO JOÃO