NENHUM jovem pode deslocar-se, a pé, ao Santuário da Nossa Senhora de Fátima, na vila sede do distrito de Namaacha, a mais de 70 quilómetros da cidade de Maputo, tendo como objectivo final a diversão, defendeu ontem o arcebispo da Arquidiocese de Maputo, Dom Francisco Chimoio, quando entrevistado pelo “Notícias” à margem da cerimónia tradicional ao Santuário, precedida de uma peregrinação de religiosos provenientes das províncias do sul do país.
Maputo, Segunda-Feira, 14 de Maio de 2007:: Notícias
Trata-se de um evento que este ano decorreu sob o lema “Maria, Fiel Acolhedora e Portadora da Palavra”, numa altura em que se encerraram os 90 anos das aparições da Nossa Senhora da Fátima, em consonância com o Santuário idêntico localizado em Portugal.
No entender do arcebispo, é, no mínimo, absurdo que haja jovens que possam sacrificar-se, percorrendo uma longa distância para, no final da viagem, já em Namaacha, realizarem actos que nada têm a ver com as actividades programadas pela Igreja Católica.
“Eu ainda não vi nenhum jovem que veio aqui para se divertir. Todavia, quem viesse com esse propósito, perderia o seu tempo. Não é de esperar que não haja, mas eu ainda não encontrei um jovem que vem de Maputo a pé somente para se divertir. Penso que há muitos lugares para se divertir”, disse.
Para ele, um e outro jovem e que não esteja devidamente informado do que se pretende quando se vai ao Santuário pode limitar-se à diversão. Porém, na maioria fazem-se ao Santuário para rezar, reconciliar-se com o Senhor e purificar-se.
“Quem vem para se divertir ainda não percebeu a mensagem, mas acredito que vai perceber, um dia”, sublinhou o arcebispo.
Entretanto, o antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, que, com a sua esposa, Marcelina Chissano, participou naquela cerimónia, entende que participar na cerimónia como divertimento é, em si, “muito bom”. Tudo porque há muita coisa errada que os tais jovens poderiam estar a fazer, na cidade de Maputo ou noutros lugares, mas que, entretanto, preferiram Namaacha. “Certamente que ouvem a palavra que se transmite. Pode ser que o impacto não seja imediato, mas ao longo da sua vida a palavra vai ser construtiva”, apontou.
Durante os cultos, a Igreja Católica transmitiu mensagens de paz, compressão e reconciliação. “Queremos unirmo-nos e integrar o caminho daqueles que fazem a peregrinação como penitência, momento de oração e, sobretudo, como momento de reconciliação. Queremos passar este tempo como Maria, que soube acolher a palavra de Deus e fazê-la da sua vida”, disse Chimoio.
No seu entender, o que se procura é transformar a palavra em meio seguro para afirmar-se e lutar para o bem-estar ou contra os males que apoquentam a sociedade moçambicana.
“Rezamos por todas as famílias moçambicanas e do mundo. Pedimos à nossa mãe para ser a protectora da nossa vida. Queremos continuar a anunciar a paz e o amor a todas as pessoas que teremos a sorte de encontrar ao longo da nossa vida. Essa é a possibilidade que cada um de nós leva para casa”, destacou.
No presente ano, mais de 15 mil pessoas participaram naquela cerimónia. De acordo com o comandante distrital da PRM, Gonçalo Mondlane, nada de anormal aconteceu, visto que desde há muito que a Polícia trabalha para garantir a paz, segurança e tranquilidade.