VLADIMIR MAYAKOVSKI (1893/1930)
Artista plástico e Poeta soviético revolucionário, futurista. Poeta e agita-graph da revolução de 1917 na Rússia. Cantou a liberdade e a solidariedade mesmo em ditadura. Desiludido com a situação, suicidou-se em 1930 na era de Estaline.
Excerto de poema:
…
“Até que um dia. O mais frágil deles, entra
sozinho em nossa casa. Rouba-nos a lua,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada.”
Este poema reflecte a falta de solidariedade num regime repressivo. Pode-se aplicar a qualquer sítio quando invadido onde as pessoas não reagem em solidariedade porque o medo, o comodismo, lhes impede de dizer algo. Então um dia quando precisarmos de ajuda não temos ninguém. - “Rouba-nos a lua” - se referia à nossa esperança por um futuro melhor. Os nossos ideais de paz e progresso destruídos pela ignorância e violência. É por isso que os poetas são eternos. O que disseram se aplica para sempre em todas as épocas. Por outro lado, em espaços como fóruns na Internet é como se fossem uma casa, um território, um país, um clube. Para isso servem as ilações
Outro excerto paradigmático:
BERTOLD BRECHT (1898/1956)
Escritor, Teatrólogo, Cineasta e Poeta socialista alemão (ex - RDA)
…
”Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo”…
Pois é assim também na vida e no mundo e Moçambique em particular - onde a nota dominante é o egoísmo (selfishness) e a ambição pelo poder a todo o custo. Pelo menos no tempo do feijão e carapau havia mais solidariedade entre as famílias e vizinhos ao contrário de hoje. Fazia parte da herança do direito consuetudinário africano onde a solidariedade familiar era a tónica. Membros da família alargada não eram somente os do nosso sangue e outros parentes, mas eram todos os vizinhos e por extensão da região e do país. Uma grande família. São as contradições da História. Este tipo de liberdade da (dita) democracia imposta de fora trouxe-nos a ganância pelo dinheiro e a falta de solidariedade. É como diz Brecht, um dia acabamos totalmente sozinhos sem ninguém. Cada um interprete como quiser.
João Craveirinha
In Reflexões de um muana orripa (filho da terra)