O pensamento de: Augusto Macedo Pinto *
Chegar no dia 25 de Maio a Luanda, vindo da Beira e Maputo, passando pelo Porto e encontrar gente amiga neste dia de comemoração dos quarenta e quatro anos da constituição da então OUA, Organização da Unidade Africana no Egipto, acreditem é muito EMOCIONANTE!
Foi sair do aeroporto, transportado por amigos, chegar ao hotel e dirigir-me a Alvalade para assistir ao lançamento da primeira pedra para a construção do maior centro comercial de Angola. Esta imponente obra que se avizinha vai ter um espaço de centro comercial, escritórios e habitações e um hotel de cinco estrelas. Os investidores são luso-moçambicanos, já bem implantados na área da hotelaria quer em Moçambique, quer em Portugal.
A empresa construtora deste mega-projecto é portuguesa e já se encontra bem instalada em Angola. Aqui presentes estavam altas individualidades angolanas, empresários dos três países, Angola, Portugal e Moçambique, encontrar e rever amigos, antigos estudantes angolanos no Porto e outras pessoas é sempre gratificante nestes momentos. Este evento teve destacada presença na página principal do noticiário da televisão angolana.
Estas são as pontes da globalização, dirão uns, estas são as pontes de quem acredita em África, nas suas pessoas e nos seus países, dirão outros, estas são também as pontes que resultam das amizades construídas ao longo dos anos em que o mote é o fascínio, a atracção, a beleza, o espaço, a hospitalidade, que África sempre tem. Há que as preservar e respeitar, valores por vezes bem diferentes do vil metal!
Passadas vinte e quatro horas de estadia em Luanda, passando em revista todas estas emoções que me assolaram em catadupa, já deu para registar, confirmar tudo aquilo que todos achamos óbvio, mas ainda não levamos à prática com a velocidade que se calhar se impõe. Estou-me a referir aos compatriotas portugueses que são seleccionados, contratados para virem desempenhar funções de trabalho nos países africanos de expressão de língua portuguesa, a vocação de alguns para este desempenho, convenhamos que
não é sempre a mais adequada, não se deve descurar o perfil. Outros empresários portugueses vão estando atentos, convivendo com os estudantes africanos em Portugal, seguindo a sua evolução académica, oferecendo-lhes estágios de fim de curso e desafiando-os para a assumpção de funções nos seus países de origem. Este é um potencial humano que, muitas vezes, a nós, portugueses, nos passa ao lado.
Parabéns ao continente africano por mais este
aniversário!
*Advogado, antigo cônsul honorário de Moçambique no Porto
([email protected])
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 28.05.2007