Duas pessoas morreram este domingo, em Díli e em Bobonaro, Timor-Leste, em confrontos que tiveram uma origem política, horas depois da posse do novo Presidente, José Ramos-Horta, e durante as comemorações do Dia da Independência.
Em Díli, uma pessoa sucumbiu aos ferimentos de uma agressão à paulada contra um campo de deslocados e em Bobonaro a vítima ocorreu numa disputa «entre apoiantes de José Ramos-Horta e apoiantes da Fretilin», afirmou à Lusa fonte oficial da missão internacional em Timor-Leste (UNMIT).
O primeiro incidente, em Díli, ocorreu cerca das 14h30 (06h30 em Lisboa), com o apedrejamento de deslocados do campo próximo do consulado chinês, na avenida marginal, por um grupo de pessoas no exterior, declarou fonte policial à Lusa.
De acordo com esta fonte, «os deslocados estavam a comemorar a tomada de posse de José Ramos-Horta», que aconteceu cerca das 10h00 (02h00) numa cerimónia solene no Parlamento Nacional.
O sub-agrupamento Bravo da GNR foi chamado a intervir antes das 15h00 no campo de deslocados, em apoio a elementos da Polícia das Nações Unidas, que ficaram com cinco viaturas «muito danificadas» em consequência destes incidentes. «Três oficiais da UNPol ficaram ligeiramente feridos no incidente», acrescentou ainda fonte oficial da UNMIT.
Os militares da GNR usaram munição de borracha, não-letal, para dispersar os grupos em confronto, que apedrejaram também uma viatura da Guarda.
Muito perto do campo de deslocados e do consulado chinês situa-se a sede da Associação Social Democrata Timorense (ASDT), liderada por Francisco Xavier do Amaral, um dos candidatos derrotados da primeira volta das presidenciais que, na segunda volta, apoiou José Ramos-Horta na disputa pela Presidência da República.
Depois de o primeiro incidente ter sido controlado, um segundo confronto eclodiu a apenas 200 metros do campo de deslocados, obrigando a uma segunda intervenção dos militares da GNR.
Cerca de meia centena de pessoas foram detidas pelos militares portugueses e entregues à Polícia das Nações Unidas.
Em Bobonaro, uma distribuição de alimentos pelo Programa Alimentar Mundial foi o pretexto para o início do confronto entre apoiantes da Fretilin e de José Ramos-Horta, segundo fonte da UNMIT.
O incidente provocou um morto e três feridos graves.
Os confrontos na marginal de Díli, a poucas centenas de metros do Palácio do Governo, aconteceram quando decorriam ainda as comemorações oficiais do Dia da Independência.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 20.05.2007