Confinados nas matas de Inhaminga, Sofala
— Fernando Mazanga, porta-voz da RENAMO, contra-ataca afirmando que Guebuza está a fazer um trabalho tendencioso sob capa de presidência aberta, para favorecer o seu partido
Por Adelino Timóteo, na Beira
O Presidente da República, Armando Guebuza, instou, em Inhaminga, Sofala, os elementos armados da guarda de Dhlakama instalados naquele distrito a renunciarem à violência, juntando-se aos demais moçambicanos neste tempo de paz.
O apelo de Guebuza foi feito esta semana quando escalou a província de Sofala em mais uma fase da presidência aberta.
Segundo Guebuza, não faz sentido que, após a assinatura do Acordo Geral de Paz, rubricado há 15 anos, os elementos da RENAMO se mantenham naquela situação, furtando-se de gozar a paz. “Há homens armados aqui que não respeitam as normas. Eu quero vos garantir que não vão chegar longe”, avisou.
Para o PR, “esses nossos irmãos que estão um bocado fora deviam juntar-se aos outros irmãos e procurar trabalho, mandar os seus filhos para a escola e mulheres para a maternidade”, disse.
Guebuza fez uma retrospectiva dos 16 anos de guerra, vincando particularmente a sua incidência sobre Inhaminga, que “estava muito mal, sendo que ainda hoje vemos marcas”. Adiantou que a guerra não produz dinheiro.
Um dos aspectos levantados por populares locais foi o da inviabilização da prospecção de gás pelos elementos ligados a Afonso Dhlakama.
Contudo, Guebuza, que prometera solucionar o problema dos tais elementos armados aquando da sua campanha eleitoral, não avançou nada em concreto sobre o encerramento deste, que semeia divergência entre os dois ex-beligerantes (o Governo e a RENAMO).
É que, por força do protocolo IV do AGP, os elementos da RENAMO que permanecem armados deveriam ter sido enquadrados na Polícia da República de Moçambique até às eleições gerais de 1994. Tal não aconteceu por falta de consenso entre as partes, primeiro porque a RENAMO se atrasara na apresentação da lista dos seus efectivos. Mas quando a RENAMO avançou com o processo, o Governo referiu que os ex-guerrilheiros não tinham suficientes habilitações literárias para serem enquadrados no Estado.
São pouco mais de 150 homens espalhados em Marínguè, Inhaminga e Beira.
RENAMO reage
Contactado a-propósito, o porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, afirmou que “não nos surpreendemos com as declarações do PR. “Ele fá-lo na perspectiva de coagir os membros da RENAMO a se filiarem na FRELIMO. O PR, sob capa de presidência aberta, está a fazer um trabalho tendencioso com vista a coagir os apoiantes da RENAMO a se alistarem no partido FRELIMO”.
Perguntámos-lhe quais os motivos que sustentavam a sua afirmação, ao que ele referiu: “Guebuza bem sabe que a RENAMO tem órgãos com que ele pode discutir o assunto, dentro do espírito do AGP. Pena que o PR mobilize meios com fundos do erário público para fazer propaganda contra a RENAMO. Que os nossos simpatizantes não se atrapalhem com isto”.
Segundo Mazanga, o PR devia se preocupar com assunto das execussões sumárias que ocorrem em Maputo, e que teve como protagonistas elementos da Polícia.
SAVANA - 25.05.2007