LETRAS AFRICANAS
Adelto Gonçalves (*)
I
As ligações de José Luandino Vieira com o Brasil são antigas e datam talvez de 1956, quando o autor ainda vivia em Luanda e assinava-se literariamente José Graça. Nascido em 1935 na Lagoa do Furadouro, em Portugal, José Mateus Vieira da Graça, levado criança pelos pais para Angola, viveu sua adolescência e juventude num ambiente sufocante em que um bom número de jovens interessados em desenvolver uma literatura de caráter regionalista — e alguns até com obra feita — não podiam publicar porque não havia editora na colônia e as edições de autor estavam fora do alcance de seus bolsos, estudantes uns, pequenos empregados outros.
Era o que dizia José Graça em carta de 10/1/1957 a Salim Miguel, como se lê em Cartas d´África e Alguma Poesia (Rio de Janeiro, Topbooks, 2005, p.30). Salim Miguel vivia em Florianópolis, no Estado de Santa Catarina, e procurava impulsionar a cultura em sua cidade com a publicação da revista Sul, sessões de arte na cinemateca local e discussões com os seus amigos intelectuais, inclusive com o escritor carioca Marques Rebelo (1907-1973), a essa altura nome consagrado, que, conferencista convidado, seria o responsável pelo intercâmbio de ideias e livros que jovens intelectuais brasileiros e africanos de expressão portuguesa passariam a fazer.
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