A falta de uma lei que obrigue as famílias moçambicanas a aceitarem a entrada nas suas casas das autoridades de saúde é a principal causa do fracasso da pulverização contra a malária no país, apontou hoje uma responsável do sector.
A malária, a par do HIV/SIDA, é uma das doenças que mais matam em Moçambique, sendo igualmente responsável por altos níveis de absentismo laboral e escolar.
Falando na província de Maputo, uma das mais atingidas pela doença, no seminário sobre "Os novos desafios representados pela malária", Elsa Nhantumbo, representante da Direcção Provincial de Saúde de Maputo, afirmou que, dos 47 distritos identificados como alvo na última campanha de pulverização contra a malária, realizada em 2006, apenas 37 por cento foram cobertos pela operação.
A recusa das famílias em deixar que os agentes da pulverização entrem nas residências foi uma das razões para o insucesso da campanha, apontou Nhantumbo.
"A população deve ser mobilizada a consentir que as suas casas sejam pulverizadas", frisou.
As comunidades vedam o acesso dos agentes da pulverização às suas habitações, com a justificação de que o insecticida provoca a proliferação de outros bichos, como baratas, o que é desmentido pelas autoridades sanitárias do país.
"Este argumento não é verdadeiro, porque o insecticida provoca irritação nos insectos que vivem escondidos na casa e saem para não se sufocarem", sustentou Elsa Nhantumbo.
Nhantumbo sugeriu que Moçambique devia adoptar o exemplo de países como São Tomé e Príncipe, que introduziu uma lei que torna obrigatória a entrada nas residências de agentes de pulverização contra a malária.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 21.06.2007