A primeira-dama norte-americana, Laura Bush, anunciou hoje a concessão a Moçambique de um pacote de 507 milhões de dólares (377 milhões de euros) destinado a reabilitar estradas, apoiar a agricultura e generalizar o acesso a água potável no país.
Laura Bush falava no seminário Pio X, em Maputo, no âmbito da sua visita de um dia a Moçambique, destinada a avaliar os progressos alcançados com o programa de combate à SIDA e malária, lançado pelo Presidente norte-americano, George W. Bush, em 2003.
"Congratulo-me por poder hoje anunciar que, dentro de algumas horas, a administração da Millennium Challenge Corporation vai aprovar um pacote de 507 milhões de dólares (377 milhões e euros) para Moçambique", declarou a primeira-dama dos Estados Unidos, numa sessão em que participou a sua homóloga moçambicana, Maria da Luz Guebuza, o ministro da Saúde, Ivo Garrido, e o bispo Diniz Sungulene.
Na ocasião, Laura Bush especificou que o convénio tem como finalidade "reabilitar estradas do país e apoiar a agricultura", sendo a maior fatia (200 milhões de dólares, cerca de 148 milhões de euros) destinada a "providenciar água potável para áreas urbanas e rurais" em todo o território de Moçambique, desta forma "contribuindo para eliminar os meios em que se reproduzem os mosquitos e providenciar água potável a mais de dois milhões de pessoas".
A aprovação desta ajuda pelo Millennium Challenge Corporation (iniciativa lançada em 2004 do governo norte-americano) insere-se no empenho de Washington em "trabalhar com Moçambique para promover desenvolvimento económico a longo prazo", disse Laura Bush, lembrando que em 2002 Washington "promoveu a criação da conta dos desafios do milénio, que encoraja os governos a investirem no seu povo, a apostarem na liberdade económica e no crescimento e a tornarem-se mais transparentes".
No campo específico do combate à malária, Laura Bush anunciou também um reforço de dois milhões de dólares (1,48 milhões de euros) para um projecto em curso envolvendo várias confissões religiosas espalhadas pelo país.
"As comunidades de fé existem em todas as aldeias no país, providenciando educação para a saúde, treino e mobilização da comunidade. Os líderes religiosos podem alcançar os seus membros e alterar as suas atitudes e o seu comportamento em relação à malária", justificou.
Laura Bush lembrou ainda à assistência que a iniciativa de George W. Bush relativa à malária disponibilizou 17 milhões de dólares (12,6 milhões de euros) para o tratamento e prevenção da doença em Moçambique, tendo o primeiro projecto envolvido uma campanha de tratamento de meio milhão de redes mosquiteiras centrado na província da Zambézia (norte).
A primeira-dama de Moçambique lembrou, por seu turno, que a malária constitui ainda, em 2007, "a principal causa de morte em África", com especial incidência em crianças menores de cinco anos.
Destacando a importância do fortalecimento da capacidade institucional dos governos na implementação dos programas de erradicação da doença, Maria da Luz Guebuza saudou "todos os esforços" do governo norte-americano neste domínio.
À tarde, Laura Bush vai assistir, apenas acompanhada pela imprensa norte-americana, a uma campanha de pulverização contra a malária apoiada pelo fundo global "Fight AIDS, Tuberculosis and Malaria", que permitiu reduzir em 20 por cento a prevalência da malária em algumas aldeias moçambicanas.
De manhã, a primeira-dama foi recebida pelo Presidente moçambicano, Armando Guebuza, tendo depois visitado o hospital pediátrico de Maputo.
Ao abrigo do Programa de Emergência Presidencial de Alívio à SIDA (PEPFAR, na sigla em inglês), aprovado pelo congresso norte-americano, a pedido de George W. Bush, Moçambique recebeu, em 2003, mais de 140 milhões de euros no âmbito do programa para apoio no combate à SIDA em 15 países de África e Caraíbas (PEPFAR), os mais afectados pela pandemia.
Actualmente, o pacote financeiro autorizado pelo congresso norte-americano em 2003 ultrapassa 11 mil milhões de euros e prevê, entre outras medidas, o alargamento do acesso de mais doentes aos anti-retrovirais.
Dados governamentais indicam que 110 mil pessoas irão receber tratamento anti-retroviral até 2008, contra 34 mil, este ano, e 16.200 em 2006, como efeito directo dos apoios concedidos no quadro do PEPFAR.
Mais de 16 por cento de um universo de mais de 19 milhões de moçambicanos estão infectados com o vírus do HIV/SIDA, contabilizando-se 500 novos casos de infecção diária.
A deslocação de Laura Bush insere-se numa digressão pelo continente africano, que a levará igualmente ao Botsuana e Zâmbia, dois países da sub-região da África Austral que também beneficiam do PEPFAR.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 27.06.2007