O Ministério da Defesa de Moçambique anunciou hoje a desactivação de mais de 80 engenhos explosivos em duas semanas, após um obus enterrado ter vitimado, este mês, duas crianças e ferido uma terceira numa casa em Maputo.
O anúncio foi feito pelo porta-voz do Ministério da Defesa de Moçambique, Joaquim Mataruca, no dia em que passam três meses após a explosão do paiol de Malhazine, que matou 106 pessoas e feriu mais de 500, em quatro bairros de Maputo.
No passado dia 13, dois menores com idades entre 11 e 13 anos morreram, enquanto um terceiro ficou gravemente ferido, quando um obus enterrado explodiu numa casa no bairro de Matendene, arredores da capital moçambicana.
A violência da explosão foi tal que até à manhã do dia seguinte os parentes das vítimas continuavam a descobrir pedaços calcinados dos corpos das vítimas.
Este incidente mereceu contestação dos populares dos bairros afectados por, recentemente, o Governo moçambicano ter dado como concluído o processo de remoção dos materiais explosivos espalhados pelos bairros afectados pela explosão do paiol.
Os residentes dos bairros atingidos exigiram ao governo uma "rápida" remoção dos projécteis, alegando a sua insegurança "até dentro da casa".
Segundo Mataruca, depois do incidente de há duas semanas, o ministério da Defesa de Moçambique criou equipas posicionadas nos bairros para sensibilizar a população a denunciar os locais onde se desconfia que existam engenhos explosivos e, posteriormente, a removê-los.
Como corolário, os agentes envolvidos descobriram mais de 80 engenhos explosivos, que estavam espalhados pelos bairros afectados pela explosão, disse Mataruca, apelando para a colaboração popular na identificação de mais minas.
"Queríamos que todos os populares se reunissem neste grande movimento de descoberta de engenhos explosivos e alertassem caso encontrassem alguma mina", apelou o porta-voz da Defesa, reconhecendo que os engenhos explosivos encontrados foram projectados a partir do paiol a 22 de Março passado.
Em declarações hoje à Lusa, o porta-voz da RENAMO, principal partido da oposição moçambicana, Fernando Mazanga, considerou haver uma "manifesta incompetência do Governo, através do Ministério da Defesa de Moçambique", por ter declarado o fim de processo de recolha de engenhos explosivos.
"Houve uma manifesta incompetência do Governo, através do ministério da Defesa de Moçambique (...). Não se justifica que os militares não tenham mantido acções de explosivos. Houve precipitação ao declarar-se o fim deste processo", disse Mazanga a propósito da passagem dos três meses da explosão do principal paiol do país.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 22.06.2007
NOTA:
Tudo leva a crer que o Ministério da Defesa não sabia que material estaria depositado naqueles paiois. Se soubesse, saberia o que ainda falta encontrar. Assim se brinca com a vida humana em Moçambique!
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE