OS militares envolvidos na recolha de obuses, das explosões do paiol de Mahlazine, continuam a fazer esforços titânicos, chegando a cavar buracos com mais de três metros de profundidade para retirar os engenhos que ficaram soterrados em diversos locais como resultado daquela catástrofe que ceifou pouco mais de cem vidas, em Maputo. Entretanto, os soldados envolvidos no processo, queixam-se do facto de algumas pessoas recolherem os engenhos explosivos para fins ilícitos, situação que poderá lhes ser fatal. Maputo, Quinta-Feira, 21 de Junho de 2007:: Notícias
Uma semana depois de terem sido reforçadas as equipas de recolha de artefactos de guerra, os homens das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e do projecto de Transformação de Armas em Enxadas (TAE), do Conselho Cristão de Moçambique, recolheram, ontem, mais seis obuses que estavam soterrados nos bairros Ndlavela, São Dâmaso e Texlom, no município da Matola.
Para a efectivação desta actividade, está a ser importante o papel das populações, cientes do perigo a que se expõem quando não denunciam a existência de artefactos no recinto das suas casas, propriedades ou outras instalações.
Não tem sido fácil a tarefa dos homens envolvidos nas operações. Às vezes são obrigados a cavar buracos com mais de três metros de profundidade para retirar os engenhos explosivos que continuam soterrados em vários locais.
É digno de registo o esforço das equipas de recolha daqueles engenhos, que voltaram ao terreno com mais força depois da explosão que matou, semana finda, duas crianças numa casa, nos arredores da cidade de Maputo.
Ontem, a operação teve início no círculo do bairro Khongolote. Aqui as equipas receberam diversas solicitações, todas informando sobre a localização de engenhos em vários bairros da Matola.
No quarteirão 14, do bairro Ndlavela, os militares e os técnicos do projecto TAE voltaram a passar pela mesma situação vivida na última terça-feira, cavar fundo para desenterrar um obus que não rebentou.
O processo foi o mesmo em quase todos os bairros escalados por estas equipas, situação que culminou com a recolha de seis artefactos. O processo prossegue hoje noutras zonas residenciais.
OBUS DESAPARECE EM CIRCUNSTÂNCIAS ESTRANHAS
Ainda no processo de recolha, o “Notícias” testemunhou um facto estranho. As equipas foram solicitadas no círculo do bairro São Dâmaso onde haviam, algures na zona, dois obuses, um soterrado e outro ao relento.
Uma vez no círculo do bairro, a equipa de recolha de obuses foi acompanhada por alguém que deveria indicar a localização dos referidos artefactos. Já no quarteirão 78, na casa em questão, os militares foram convidados a retirar, primeiro, o engenho que se encontrava ao relento. Qual espanto? O referido obus tinha desaparecido “sem deixar rasto” e os proprietários da casa disseram não saber em que circunstâncias teria sumido.
Depois de mais uma escavação, os militares contentaram-se com o obus soterrado, permanecendo a dúvida sobre o paradeiro do outro artefacto que, segundo os proprietários da casa, até há duas semanas se encontrava no mesmo recinto.
Assim, os militares envolvidos no processo de recolha queixam-se de outros problemas que se estão a verificar, no decurso dos trabalhos, esta situação está relacionada com a localização de engenhos explosivos em locais onde, em condições normais, estes não deixariam rastos caso tivessem caído quando das explosões do paiol.
Os soldados dizem que não se justifica que se encontre um explosivo no tecto de uma casa sem nenhum indício de ter sido afectado pelas explosões do paiol.