Lide Lídima
Por Afonso dos santos
Nas datas comemorativas costuma assistir-se a um fenómeno monótono que consiste em ouvir discursos e mensagens que são uma enfadonha repetição do que já se tinha ouvido no ano passado e no ano antepassado e nos anos anteriores. Isso até se compreende, se tivermos em conta que a situação, no essencial – que são as condições de vida das classes trabalhadoras – continua sempre a ser a mesma. Por isso esses discursos voltam-se para o passado. E como o passado não se altera, os discursos e as mensagens não podem deixar de ser repetitivos.
Quando se trata de mais um aniversário da Independência Nacional, alinha-se na conversa estafada sobre o colonialismo, sem nada se dizer sobre o que significa lutar pela Independência Nacional nos dias de hoje. E então, os arautos do Poder actual escrevem que “nós não podíamos viver na Polana, na Sommerschild. (...) Os negros (...) estavam reservados a viver nas periferias. É onde se reservava aos economicamente débeis!”. Será que aqueles de “nós” que actualmente continuam a “estar reservados a viver nas periferias” deixaram de ser “economicamente débeis”? Ou já foram viver para a Polana e a Sommerschild? Será que o tipo de Independência, que existe nos dias de hoje, corresponde à Independência que foi proclamada em 1975?
“Em governamental frenesi, assistimos a uma espécie de venda a retalho do país, a preço de fim de estação e a todo o bicho careta que tiver ‘um projecto’ de investimento. Isto não é original, a atitude
acrítica e serventuária dos nossos governantes perante ‘o projecto’ salvador”. E foi assim que “vendemos o resto a quem quis comprar e transaccionar, enchendo-se os bolsos dos autarcas e dos partidos sem que tivesse chegado a formar-se uma consciência crítica das (erradas) políticas e modelos de desenvolvimento. O resultado está à vista para quem queira dar uma volta por aí”.
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