AO que tudo indica, indivíduos, até agora, desconhecidos poderão estar a dedicar-se ao rapto e tráfico de crianças de algumas zonas do distrito da Moamba, província de Maputo, para partes e fins inconfessáveis.
Maputo, Quarta-Feira, 20 de Junho de 2007:: Notícias
A informação foi trazida ao público, semana finda, por alguns líderes locais de Moamba participantes de uma reunião sobre tráfico e violação de menores, presidida pela patrona da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Graça Machel.
Na ocasião, foram narradas estórias de desaparecimentos estranhos de crianças, tendo-se dito que, em certos casos, os menores somem no caminho entre a escola e as suas casas.
Rafael Mabunda, secretário do Grupo Dinamizador do povoado de Chivonzuanine, precisou que a estória mais recente deu-se em meados de Maio último, envolvendo quatro crianças.
Os meninos, que saiam de uma escola primária do círculo de Tenga rumo à casa no centro do posto administrativo de Pessene, no final de mais um dia de aulas, foram oferecidos uma boleia por um motorista de uma carrinha. Considerando-se afortunados, os garotos subiram no carro e agraciaram-se com o facto, até ao ponto em que o condutor deixou o trajecto normal, trilhando por uma via pouco comum e estranha para os pequenos viajantes, segundo o relato de Rafael Mabunda.
Ambiente de pânico veio a surgir quando a criançada ouviu o motorista a falar, via telefone celular, dizendo “já estou a vir, consegui. Trago aquela encomenda”. Pediram para que ele parasse, mas não lhes deu ouvidos. Dada esta contrariedade, não vendo alguma bagagem e desconhecendo o destino daquela viagem, para além de começar a escurecer, os meninos optaram pelo último recurso. Saltaram do carro em andamento, o que resultou em algumas escoriações nos braços e pernas.
Neste momento, decorre um trabalho de levantamento e pesquisa das actividades dos proprietários das carrinhas existentes em Pessene, na expectativa de encontrar alguma que possa ser associada ao episódio contado pelos meninos. Entretanto, segundo aquele secretário, o exercício ainda não resultou em nada, dada a exiguidade dos dados da viatura recolhidos das quatro crianças.
Ao que apurámos, nada sobre o assunto foi reportado ao Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM), Maputo. O porta-voz, Juarce Martins, chegou mesmo a dizer que só se pode tratar de um falso alarme.
Reagindo ao depoimento de Rafael Mabunda e a outros dados na reunião havida na cidade de Maputo, Graça Machel disse que as crianças não são mercadorias, acrescentando que, por esta razão, todos casos de rapto e venda de menores devem ser combatidos. Ajuntou que a “guerra” contra os raptores e traficantes tem que ser movida por toda sociedade, porque, segundo ela, a vida dos petizes é sagrada.