Celebrada a alegria da fonte que jorrando vai matara sede de milhares senão milhões de moçambicanos residentes em Nacala Porto. Foi ao som de tufo, miheia e discurso da mais alta figura deste belo canto do Mundo.
Nacala floriu, sorriu e dançou de alegria de finalmente estar resolvido o problema secular da crise de água. Mais uma vez foram ludibriados. Embebedados de alegria fugaz que pensava-se que ia durar, mas durou o tempo que teve o discurso e o batuque do tufo que ressecava as cordas vocais.
Foi com o vinho da barraca vizinha e o vinagre da salada de tomate que se encontrou a solução dos entorpecidos músculos mandibulares para continuar a euforia passageira da esperança que ainda não morre.
A toma de água ainda ali está, alta e imponente, alimentando tristemente a esperança do dia que não chega.
Poços, rios e barragens já não existem. Quem descobrir uma poça de água não pode gritar "eureka" porque na infinda alegria de poder matar a sede, poderá matar a sua própria descoberta. Mesmo sabendo que caras e faces cicatrizadas pela saliva caída durante a noite, trabalhando e dormindo ou dormindo e trabalhando em seus fatos mal passados e com cheiro a suor, desde que aquele que não é ninguém se encontre na sua limusina cheirosa, farta e limpa, nada, mas nada mesmo toca na consciência inconsciente
do povo adormecido na letargia do sonífero emprego de míseros centavos: "não temos água para ninguém". São mesmo estas coisas de Nacala.
Licuco. J – VERTICAL – 19.07.2007