O grupo de doadores que financia Moçambique recomendou ao Governo para que passe a contemplar o dinheiro das eleições no Orçamento de Estado de forma a evitar que o processo seja comprometido por falta de vontade deste, como está a acontecer no caso das eleições provinciais.
De acordo com o Boletim sobre o processo político em Moçambique publicado pela AWEPA “os doadores dizem que é tempo de deixar de assumir que eles vão pagar as eleições, especialmente quando Moçambique não cria condições aceitáveis de observação”, diz ainda que “depois de cinco eleições financiadas por doadores, Moçambique devia ter incluído as eleições no seu orçamento geral – que aliás é substancialmente financiado pelos doadores”.
O Boletim da AWEPA avança também que na revisão conjunta do governo e doadores de apoio ao orçamento concordou-se que o Governo tinha falhado a maior parte das metas sobre justiça e corrupção, exactamente as questões que surgem na agenda dos doadores em geral.
“A reforma da justiça é difícil mas são possíveis algumas acções concretas, com muitos a dizerem que a acção no Banco Austral podia ser o melhor exemplo”, refere o boletim.
Por outro lado, a frieza dos doadores sobre eleições está ligada, em parte, a uma mudança subtil mas real nas atitudes dos doadores em geral, na sua maioria como resposta à falta de acção de Moçambique relativamente às questões de governação, justiça e corrupção. A ajuda a Moçambique está a aumentar mas mais devagar que o planeado.
Os doadores querem que o Governo veja a redução dos aumentos como um primeiro aviso. “Sabemos que o Governo não pode fazer tudo de uma vez. Inicialmente as prioridades dos dois lados eram económicas. Mas agora o Governo está a segurar a economia, enquanto a agenda dos doadores mudou para governação e corrupção”, disse um funcionário dos doadores.
O governo moçambicano dispõe apenas de 12 milhões de dólares para o pleito faltando de 32.
O PAÍS - 23.07.2007