Trabalhadores ameaçam incendiar o canavial
Por Eurico Dança, na Beira
Os quatro mil trabalhadores sazonais da Açucareira de Mafambisse, na província de Sofala, ameaçam prosseguir com a sua greve, iniciada na madrugada de Segunda-Feira, e advertem que mais mortes poderão vir a ser registadas, caso a polícia seja chamada a intervir.
Os grevistas reivindicam o reajustamento dos seus salários de 66 para mil meticais por dia, bem como a redução daquilo que descrevem de “excessiva carga horária”.
Os grevistas dizem que são obrigados a trabalhar 14 horas por dia, contra as oito horas determinadas por lei, sem o pagamento do respectivo trabalho extra.
Ameaçam, também, que irão incendiar o canavial, se a direcção da empresa não ceder às suas reivindicações.
A greve já resultou na morte de um trabalhador, Domingos Fernando, de 23 anos de idade, na sequência de uma bala supostamente disparada por um agente da policia, apontado como sendo Cardoso Equivale. Dois outros trabalhadores ficaram feridos no mesmo incidente.
Os grevistas condenaram o uso da força por parte da polícia, afirmando que não se deixarão intimidar.
“A polícia deixa de combater o crime que anda avulso pelo país para reprimir trabalhadores que reivindicam os seus direitos. Isto é uma injustiça praticada pelas autoridades, as mesmas que dizem que Moçambique é um Estado de Direito”, reclamou um dos trabalhadores.
Uma oferta da direcção da empresa, propriedade do grupo sul africano Tongaat Hulett, de aumentar o salário para 92 meticais foi rejeitada pelos trabalhadores.
Os trabalhadores agradeceram a mediação que está a ser feita pelo director provincial do trabalho de Sofala, Omar Jalilo, mas não aceitaram os seus apelos para que regressem ao trabalho.
Para além da oferta de aumentar o salário diário em 40 porcento, a empresa prometeu distribuir aos trabalhadores equipamento de protecção dentro de quatro semanas.
Entretanto a Policia de Investigação Criminal (PIC) disse que estava a investigar a origem das balas que vitimaram Domingos Fernando e feriram os seus outros dois colegas.
SAVANA - 20.07.2007