A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, Alcinda Abreu, disse que a União Africana rejeita quaisquer “pré-condições” para participar na Cimeira Europa/África, prevista para Dezembro em Lisboa, durante a presidência portuguesa da União Europeia.
“Uma das conclusões da Cimeira da União Africana (UA),realizada recentemente em Accra, capital do Gana, é que os Estados membros estão prontos para a cimeira” de Lisboa, mas recusam quaisquer "pré-condições", referiu Alcinda Abreu, em declarações à Televisão pública de Moçambique.
“Queremos que a cimeira se realize” este ano, mas as “duas organizações (a União Europeia e União Africana) não podem ficar reféns de um país”, defendeu, numa alusão à participação do presidente zimbabueano, Robert Mugabe.
“O Zimbabué faz parte da União Africana. Se a cimeira é com a União Africana, então a União Europeia não pode escolher quem vai" de África, esclareceu.
A segunda Cimeira Europa/África, que chegou a estar marcada para Abril de 2003, também em Lisboa, acabou por ser adiada "sine die" devido à recusa de alguns Estados europeus em ver Mugabe no encontro, atitude contrariada pela maioria dos Estados africanos, que defendem a presença daquele chefe de Estado.
A chefe da diplomacia moçambicana destacou que, na reunião do Gana, os países membros da União Africana concordaram com o presidente em exercício da União Europeia, o primeiro-ministro português José Sócrates, sobre a importância de realizar a cimeira em Lisboa.
No entanto, a recusa de alguns países da UE quanto à participação do Zimbabué na reunião levou a que as duas organizações criassem um grupo de trabalho para discutir a agenda e ver os aspectos importantes da cimeira, afirmou a ministra.
“Ao nível da ‘troika’ dos grupos que estão a preparar a cimeira, as coisas estão a andar bem”, assegurou.
A governante moçambicana defendeu ainda “o diálogo” entre a Europa e África sobre o Zimbabué, cuja situação sócio-política “atingiu níveis inaceitáveis”, com a maior inflação do mundo.
“Privilegiamos o diálogo para a resolução do problema do Zimbabué”, país que, considerou, “atingiu níveis que não podemos aceitar”, disse.
Questionada sobre a posição da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) relativamente à crise zimbabueana, Alcinda Abreu referiu que os Estados membros da comunidade já reconhecem a sua gravidade, daí ter-se decidido pela intervenção, através da mediação pelo presidente sul-africano, Tabo Mbeki.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 19.07.2007