O líder da RENAMO, principal partido da oposição em Moçambique, previu sexta-feira que os seis meses de presidência portuguesa da União Europeia, que se iniciam no próximo domingo, serão "benéficos" para os países lusófonos.
"A presidência será bem-vinda para os países que falam o português, porque, na qualidade de ex-potência, Portugal conhece bem os problemas deste países e poderá desempenhar um bom papel junto da União Europeia, fazendo 'lobbies'", disse à Lusa Afonso Dhlakama. A partir de hoje, Portugal vai exercer, por um período de seis meses, a terceira Presidência da União Europeia (UE) desde que, em 1986, entrou para as instituições comunitárias, substituindo assim a Alemanha, que assumiu o cargo em Janeiro último. Comentando a mudança, o líder do principal partido da oposição moçambicana disse estar "orgulhoso" que o cargo seja assumido por um país falante do português mas exortou o primeiro-ministro José Sócrates para que "não olhe apenas para os problemas europeus, mas também para os de África".
"A Europa deve saber que a pobreza em África também cria pobreza na Europa", disse.
É por isso que "actualmente, a Europa se debate com problemas de migração, porque os cérebros africanos tendem a fugir para lá à procura de melhores condições de vida", referiu. "Ainda bem que o cargo será assumido por Portugal, porque este conhece bem os problemas de África, sobretudo dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa" (PALOP), insistiu.
A propósito da duração da presidência, para materialização dos objectivos, Dhlakama disse: "Embora (a presidência) seja apenas de seis meses, este tempo poderá facilitar na resolução dos problemas destes países (os PALOP) e uma maior intervenção da Europa para transformar estes países em nações ricas". Em Dezembro, a capital portuguesa, Lisboa, poderá acolher a segunda Cimeira Europa/África, depois de a primeira reunião deste género ter sido realizada na capital egípcia no ano 2000.
Questionado sobre as futuras relações entre os dois continentes, o líder da RENAMO foi peremptório: "Europa deve deixar de apresentar bloqueios aos produtos africanos. África não pode desenvolver se os seus produtos não tiverem acesso ao mercado europeu. A troca entre os africanos não é suficiente". Deste modo - prosseguiu - "queremos aconselhar aos líderes africanos, para que, nesta Cimeira, falem sobre o bloqueio dos produtos africanos na Europa e coloquem esta questão como um dos pontos fortes da agenda. Sei que a Europa vai falar da boa governação, etc., mas é preciso debater sobre um melhor espaço dos africanos na Europa. África não pode ser condenada à morte quando Deus criou um continente com recursos".
LUSA - 02.07.207