Jorge Heitor
A composição do próximo Executivo timorense continua por definir, mas quatro partidos argumentam ser maioritários, com 37 dos 65 lugares do Parlamento.
A formação do novo Governo de Timor-Leste é ainda uma incógnita, apesar de o antigo Presidente Xanana Gusmão ter ontem declarado em conferência de imprensa que o CNRT, a lista ASDT-PSD e o Partido Democrático têm todo o direito a constituí-lo, pois elegeram nas legislativas de há uma semana 37 dos 65 deputados. "Foram criadas as condições para fechar o ciclo da grave crise social e política que chegou a ameaçar a unidade do Estado e a independência nacional", lê-se no comunicado divulgado na ocasião.
No entanto, ainda não foi apresentado qualquer plano de governação nem especificado se seria o próprio Xanana a dirigir o Executivo, pelo que a analista Sophia Cason, do International Crisis Group, afirmou à imprensa australiana que poderão ainda decorrer mais oito dias até se saber como é que a situação irá ficar.
"Esta maioria parlamentar aceita a suprema responsabilidade de governação do país", disseram o Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), a Aliança Social Democrata Timorense (ASDT), de Francisco Xavier do Amaral, o Partido Social Democrata (PSD), de Mário Carrascalão, e o PD, de Fernando "Lasama" Araújo. Só que a Fretilin, com 62 por cento dos lugares no Parlamento cessante, argumenta que - apesar da quebra sofrida - continua a ser a formação individualmente mais votada, com 29 por cento dos votos e 21 lugares, pelo que deveria ser convidada em primeiro lugar a procurar constituir uma equipa governativa.
A última palavra vai caber ao independente José Ramos-Horta, que em Maio foi eleito chefe de Estado à segunda volta, com 69,18 por cento dos votos, derrotando o candidato da Fretilin, Francisco Guterres, "Lu Olo". E ele está à espera de que sejam publicados os resultados oficiais das legislativas antes de convidar alguém a formar o próximo Governo.
O CNRT ficou-se pelos 24 por cento dos 426.190 votos válidos (81 por cento do eleitorado inscrito), a lista ASDT-PSD chegou aos 15,8 e o PD aos 11,3, seguindo-se-lhes o jovem Partido Unidade Nacional (PUN), da antiga ministra Fernanda Borges, com 4,5.
"A maioria parlamentar constituída por CNRT, ASDT/PSD e PD aceita a suprema responsabilidade de governação do país. E irá apresentar esta aliança parlamentar ao Presidente da República, comprometendo-se a continuar com as acções prioritárias conducentes à garantia de estabilidade nacional, à paz e harmonia social. Os termos de referência serão posteriormente acordados e implementados por esta aliança de maioria parlamentar, que assumirá os compromissos feitos perante o povo durante a campanha."
PÚBLICO - 07.07.2007