MOÇAMBIQUE poderá ser a sede intercontinental do museu de escravatura, escolha que resulta do facto de as pesquisas científicas desenvolvidas até ao momento, terem conduzido à descoberta de que maior parte dos africanos que eram vendidos como escravos para os diversos cantos do mundo, nomeadamente o médio oriente, as ilhas Mascarenhas, no oceano Índico, as Américas, entre outros pontos, tinham o nosso país como um dos principais pontos de captura, concentração e venda.
Maputo, Quarta-Feira, 29 de Agosto de 2007:: Notícias
Benigna Zimba, historiadora e vice-presidente de uma comissão da UNESCO para a instalação física deste projecto, disse semana passada na Ilha de Moçambique, onde moçambicanos e cidadãos das Ilhas Reunião e Mayotte estiveram reunidos para celebrar o 23 de Agosto, data que assinala a abolição escravatura e do tráfico negreiro, que as tradições orais e memoriais locais, conciliados com outras fontes, são as mais que elucidadtivas de que já se tem base para avançar.
Dados estatísticos recolhidos de alguns documentos científicos, referentes ao período que vai dos meados de séculos XVIII às primeiras décadas do século XIX, indicam que dos mais de 214 mil escravos que foram enviados para o Brasil e as Ilhas dos oceanos Índico e Atlântico saíram de Quelimane, Inhambane, Ilha de Moçambique e Sofala.
“Para além dos escravos que saíam pelo mar, havia outros que eram enviados para o interior, isso em algumas regiões da Africa Central, sabido que nesse processo estiveram interesses das grandes companhias capitalistas que operavam na altura”, referiu a fonte.
Acredita-se que com a instalação do museu intercontinental de escravatura, o mundo estará em condições de dar lógica à tradição oral, no que se refere ao seu contributo na dinâmica do processo de escravatura desenvolvido tanto na Africa Central como Austral, porque, segundo afiançam os especialistas, o mesmo estará dotado não só de biblioteca contendo documentos escritos, como também de cartas em árabe de singulares relatando o seu temor a escravatura, material virtual, exposições permanentes sobre as lembranças de vária ordem bem como depoimentos em vídeo de vários entrevistados.
Todavia, a questão que se coloca de momento é o lugar do país onde este museu será instalado, uma vez que se apresentam-se várias áreas consideradas favoritas, como são o caso da província do Niassa, mais concretamente a zona de Muembe, capital da Dinastia dos Matacas, que se evidenciaram no processo de captura e venda de escravos; Nampewe, em Cabo Delgado, e Ilha de Moçambique, na província de Nampula, que funcionaram como portas de saída do homem negro, cujo valor no mercado internacional, chegou a superar o de marfim e ouro.
Questões de natureza política, económica, social é que fazem com que cada uma das áreas pré-definidas seja analisada pela equipa dos especialistas, antes de tomada de qualquer posição de submeter o projecto ao Conselho de Ministros, embora alguns analistas acreditem que a Ilha de Moçambique está em melhores condições.
MEMORIAL FAZ RELEMBRAR EFEITOS DA ESCRAVATURA
Entretanto, moçambicanos e outros cidadãos vindos de lugares como as Ilhas do Índico, casos de Reunião, Mayote e Madagáscar, testemunharam na semana passada na Ilha de Moçambique a inauguração de um jardim memorial de escravatura, um espaço que os governos daqueles países, pretendem que seja local de reflexão do que foi a escravatura.
O ministro de Educação e Cultura do nosso país, Aires Aly, exortou para a necessidade do jardim memorial de escravatura, ser fonte de inspiração apenas dos reflexos positivos do que foi a escravatura porque, segundo ele, foi através dela que hoje as culturas africanas se miscigenaram com os outros povos do mundo e isso é positivo.
Com efeito, moçambicanos, cidadãos da Reunião, Madagáscar, Mayote e franceses estiveram juntos para dançar, cantar e declamar poesias sobre o passado que os une.
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