Governo letárgico
Por R. Senda e S. Muchanga
Apesar de ser um grande obstáculo ao desenvolvimento do país, o Governo moçambicano continua letárgico no tratamento de assuntos relacionados com a grande corrupção.
Este comentário foi feito em entrevista ao SAVANA por Mag-Inger Klingzar, embaixadora da Suécia, até semana passada, na hora do adeus, depois de quatro anos em Moçambique.
Pelo caminho, a diplomata deixou recados ao Governo de Armando Guebuza. Entende que, para que a estratégia governamental de combate à corrupção surta os efeitos desejados, é preciso esclarecer casos considerados “quentes” e não apenas se deter na chamada “pequena corrupção.
Durante a entrevista que concedeu ao nosso jornal, Mag-Inger Klingzar abordou igualmente o estágio da democracia em Moçambique. Tem a percepção que a oposição moçambicana é fraca e a “Frelimo está quase sozinha”.
Acrescentou que a justiça em Moçambique não funciona.
Contudo, avaliou a cooperação Moçambique-Suécia como sendo boa e disse que a crise verificada há uns anos por causa de bolsas de estudo que envolvida o ex- -ministro da Educação Alcido Nguenha faz parte do passado. Mag-Inger disse que, nos últimos quatro anos, os suecos disponibilizaram 350 milhões de dólares no apoio de projectos desenvolvimentistas. Leva no coração a amizade e hospitalidade do povo moçambicano e diz que terá saudades da matapa, camarão e do clima.
Cooperação
Precisou que a cooperação entre Moçambique e o Reino da Suécia dura há mais de trinta anos e a mesma centrou-se em várias áreas tendo em conta o contexto histórico.
Mag-Inger contou ao SAVANA que quando a mesma começou no período da luta armada de libertação nacional consistia no auxílio em meios para sobrevivência e centrava-se mais no abastecimento em recursos humanos.
Nessa altura, o Governo sueco disponibilizava médicos, enfermeiros, professores e outros quadros fulcrais e que Moçambique não tinha por aquelas alturas.
No período em causa, segundo ela, muitos moçambicanos foram formados por professores suecos e outros foram àquele país europeu formar-se.
Conta Mag-Inger que o tempo passou e as necessidades também mudaram e a cooperação tomou outros rumos.
A educação, o desenvolvimento humano, a capacitação institucional, os projectos desenvolvimentistas, a fortificação da sociedade civil e da democracia são parte de várias áreas que recebem o apoio sueco.
“Garantimos apoio técnico às instituições públicas, Saúde e Educação, uma vez que, nessa altura, Moçambique tinha falta de pessoal qualificado e, para tal, precisava de pessoas com formação que podiam trabalhar em Moçambique”, diz Mag-Inger. Acrescentou que, “depois, a situação mudou e agora não damos apoio à assistência técnica, porque não há necessidades, Moçambique tem pessoas qualificadas para tal”. Nos últimos quatro anos, os suecos disponibilizaram ao país pouco mais de 350 milhões de dólares, dos quais 40 porcento foram para o apoio directo ao Orçamento do Estado. Mag-Inger avalia a cooperação Moçambique-Suécia como sendo boa e, de acordo com esta diplomata, a tendência das coisas é de melhorar cada vez mais.
O exemplo concreto dessa boa relação é que o número de projectos que se beneficiam do apoio sueco aumenta cada vez que o tempo vai passando.
Mag-Inger não quis falar de valores monetários alegando que os números são complicados e qualquer erro deturpa tudo, mas referiu que, na ponte sobre o rio Zambeze, que neste momento está a ser erguida entre Caia (Sofala) e Chimuara (Zambézia), 1/3 dos 80 milhões de dólares que serão gastos na obra provém daquele país.
SAVANA - 24.08.2007