VOO RASANTE
Edwin Hounnou - [email protected]
Moçambique está a receber os trocos da sua política económica seguida desde que a guerra civil terminou e pelo seu servilismo aos desígnios do Fundo Monetário Internacional, FMI. O governo não tem feito o suficiente para tirar o País da miséria em que vive.
Um país que não só não financiar a agricultura, para produzir alimentos básicos, como também decidiu marginalizar e subalternizar a sua indústria, por outro destino não poderia esperar.
Deixou de produzir milho, trigo, arroz, batata, cenoura, cebola, etc., por isso, está condenado a importá-los ou viver de mãos estendidas à caridade internacional.
Quando o País chegou à Independência, em 1975, tinha uma das mais robustas indústrias metalomecânicas de África. Cinco portos de águas profundas e uma das maiores barragens hidroeléctrica do mundo.
Deus, dai-nos o pão de cada noite!
Mais de 36 milhões de hectares de terra arável, quase 60 rios com água permanente, um clima propício para a agricultura, porém, pouco tem servido ao seu povo.
A indústria têxtil foi desintegrada e não se deve à invasão da China. Antes do ataque chinês, o governo já se havia descartado da sua indústria com a entrada massiva de roupa e sapatos usados. Vozes autorizadas avisaram que xicalamidade era uma asfixia para o País. As autoridades fizeram ouvidos de mercadores, como consequência, as fábricas encerraram as portas e o desemprego chegou.
Apesar de tantos recursos, contudo, mais de metade do orçamento do Estado provem de doações ou endividamentos.
Estudos relevantes divulgados sugerem que a energia eléctrica chega ao público consumidor muito mais cara que nos países não-produtores de electricidade. O gás doméstico é importado da África do Sul, para onde é exportado o gás de Inhambane.
O governo diz que não há fundos, só cinco milhões de dólares americanos, para se instalar uma refinaria de gás.
Mas, assiste-se gastos exagerados em festas, seminários, conselhos de ministros alargadíssimos e as constantes viagens do Presidente da República às províncias, com seis helicópteros e uma avioneta alugados a preço de ouro.
Moçambique tinha os maiores palmar e plantação de chá do mundo, mas, hoje, cozinha-se com óleo importado e toma-se chá do Zimbabwe. O mesmo passou–se com a indústria do caju que, pela fraqueza institucional, as vorazes e sufocantes políticas do FMI se encarregaram de limpá-la do País.
Enquanto o Executivo se diverte com discursos de passatempo, em hotéis de luxo, onde discutem a integração económica regional, pobreza e combate à corrupção, o povo roga, com fervor, a Deus que lhe conceda o pão que o governo lhe recusa.
O governo não liga importância para o assunto. Diz que a culpa das moageiras que não liga para o que o governo diz. Em breve, volta a subir, enquanto vão entretendo os pobres com o falso discurso da luta contra a pobreza. Não se luta contra pobreza, mas, para produzir riqueza. O Made in Mozambique tem que abranger produtos como frangos, arroz, tomate, batata, trigo, maçãs, etc.
TRIBUNA FAX - 22.08.2007
NOTA:
É continuar a votar na FRELIMO. Mas também não sei se será a RENAMO que terá a "SALVAÇÂO".
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
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