Governo moçambicano exige 15 milhões/USD pelo desalfandegamento da Mercadoria
Um total de 36 mil toneladas de trigo importado pelo Zimbabwe encontra-se retido no porto da Beira desde há dois meses, só podendo ser desalfandegado mediante o pagamento de 15 milhões de dólares americanos. De acordo com o «Financial Gazette», jornal de economia e finanças publicado em Harare, as autoridades moçambicanas exigem o pagamento, a pronto, daquela quantia. O governo do Zimbabwe, que importou o trigo da Argentina, está impossibilitado de pagar a quantia exigida devido à crise económica em que o país se encontra mergulhado.
As moageiras zimbabweanas afirmam que a demora em desalfandegar o trigo irá agravar a crítica falta de pão com que os consumidores se confrontam. As padarias, por seu turno, dizem que as reservas de farinha de trigo estão prestes a acabar. A não ser que sejam recebidas novas remessas, mais padarias poderão encerrar as portas, aumentando assim o número dessas empresas que foram forçadas a suspender as suas actividades depois do governo tê-las obrigado, em meados de Julho último, a baixar os preços de venda em 50% no âmbito de uma política sui generis de combate à inflação.
Verificou-se uma quebra drástica na produção de trigo no Zimbabwe nos últimos tempos, tendo o governo de Harare admitido que as colheitas do corrente ano seriam as mais baixas desde que o país alcançou a independência em Abril de 1980. No corrente ano a produção de trigo será ainda inferior às 85 mil toneladas colhidas em 2006. No Zimbabwe, o consumo anual de trigo situa-se na ordem das 400 mil toneladas.
O regime da ZANU-PF culpou a hidroeléctrica nacional, ZESA, pela quebra na produção de trigo, alegando que fornecimentos irregulares de energia prejudicaram o normal funcionamento dos sistemas de irrigação. A par desse factor, destaca-se a política de reforma agrária seguida por aquele regime, que se traduziu no confisco de propriedades agrícolas privadas, entretanto votadas ao abandono ou a laborar abaixo da capacidade instalada.
(Redacção/Financial Gazette) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 22.08.2007