O COMPOSITOR e intérprete beirense, Madala, nome artístico de José Matola, acaba de lançar o seu novo disco. Trata-se do seu quinto trabalho discográfico a solo, intitulado “Zuvarabwaka”, que nos seus dez temas, de carris tradicional, procura enaltecer a necessidade de se primar pelo trabalho para ganhar a vida e, por conseguinte, desenvolver esta Pátria Amada.
Maputo, Quarta-Feira, 26 de Setembro de 2007:: Notícias
A Mandoa, estilo musical tradicional que é característico do sul de Sofala, e atravessa todo um disco que já está a fazer sucesso nas rádios e pistas de dança locais.
Para além de Mandoa, o álbum conta com algumas músicas, em número reduzido, que são produto de uma fusão de diferentes estilos e proveniências, convergindo, porém, no facto de serem de carris tradicional.
Aliás, o autor de “Zuvarabwaka”, que traduzido para o português significa O Sol está a raiar, é um dos acérrimos dos defensores da música de raiz, com destaque para os ritmos que são característicos da província de Sofala.
José Matola, ou simplesmente Madala, procura trazer neste disco o quotidiano da comunidade que lhe rodeia, algo que caracteriza este músico de craveira, que há muito conquistou a cidade da Beira e todo o país.
A título elucidativo está a música Mussopo, que ilustra o empenho de muitos concidadãos seus que mesmo com poucas posses financeiras procuram garantir o bem estar da sua família, dando-lhe, dentre outras coisas, uma alimentação equilibrada e com um grande poder nutritivo baseada em produtos retirados de pequenas machambas.
Ainda sobre o novo disco, ficamos a saber junto da fonte que constam ainda as músicas Chimurombo e Mangamba, que fizeram muito sucesso nos seus dois anteriores trabalhos. Mas aparecem com outra roupagem, num Mandoa mais apetrechado.
Disse ser objectivo desta iniciativa procurar trazer este estilo cem diferentes variações como forma de estimular a nova geração a primar pelas nossas raízes, sublinhando que é possível fazer a fusão do tradicional com a actual onda juvenil, que se circunscreve em apostar nos ritmos do Ocidente, como é o caso do hip-hop, rap, Kuduro, entre outros.
Madala confessou que já está a trabalhar na produção de temas que vão constar no próximo disco, que poderá estar no mercado já em 2008, mas não entrou em detalhes quanto aos conteúdos do referido disco. Por outro lado, garantiu que os seus fãs poderão contar ainda este ano com um DVD que comportará temas sonantes, como forma de encerrar o ano em grande.
É POSSÍVEL VIVER APENAS DE MÚSICA
Maputo, Quarta-Feira, 26 de Setembro de 2007:: Notícias
Apesar de reconhecer que a vida artística é complexa num país pobre como o nosso, Madala assegura que é possível viver de música em Moçambique. Mas, para isso, disse ser necessário muita capacidade criativa por parte dos fazedores da própria música, dos compositores e intérpretes.
Em todo o caso, é de opinião que o envolvimento do empresariado nacional na divulgação da música moçambicana ainda deixa muito a desejar, principalmente nas províncias. Vai daí que o apelo que faz seja no sentido de, usando a Lei do Mecenato, o grupo empresarial moçambicano se envolva mais de modo a que os músicos trabalhem mais e melhor, como forma de catapultar a música e a cultura moçambicanas para outros mares.
Neste momento, a sua satisfação reside no facto de saber que a nova geração de músicos, particularmente a nível da cidade da Beira, está a trilhar caminhos benfazejos, não obstante, segundo sua observação, a existência de muitos estilos musicais que, não tendo nada a ver com os moçambicanos e africanos, porque importados do Ocidente, os beirenses continuarem a trazer sempre que possível algo que seja puramente tradicional. Exemplos disso são as mediáticas jovens bandas Djaakas e Mussodji, para além de outras que, sem o mesmo protagonismo, conseguem trabalhar na vertente tradicional com muita seriedade.
“Os Djaakas e tantas outras bandas já trouxeram muitos troféus para a cidade da Beira e o país, em geral. Isto é sinónimo de que estamos num bom caminho. Claro que precisamos de trabalhar mais, principalmente na exploração de estilos tradicionais para revolucionar cada vez mais o que é nosso”, disse Madala.
Vindo de uma família de artistas, Madala começou a cantar ainda muito jovem, seguindo os passos já trilhados pelos seus dois irmãos mais velhos, um dos quais fazia parte do conjunto Tambores de Sofala, isto na década 70. Aliás, importante será frisar que o próprio pai de Madala tocava acordeão, o que impulsionou bastante para que em 1973 ele, em sua casa, se iniciasse na viola produzida com latas de azeite, enquanto o pai e os irmãos mais velhos ensaiavam.
Anos mais tarde, Madala foi percebendo as qualidades que ostentava e o talento que não só vinha de si, mas de toda a sua família. Não admira que em 1975 apareça publicamente integrado no conjunto Tambores de Sofala, que foi a sua primeira banda. Na altura tocava e interpretava músicas de outros artistas que já haviam granjeado simpatia por parte do público, desde os músicos nacionais aos estrangeiros.
Mais tarde começou a tocar temas da sua autoria, tendo, na década de 80 gravado os seus primeiros trabalhos discográficos, nos Estúdios da Rádio Moçambique. Palmira foi o seu primeiro trabalho a solo, gravado em princípios dos anos 90. Mas o Chimurombo e Ponessa Musi Wango foram os discos que fizeram mais sucesso.
Madala já trouxe vários prémios para a cidade da Beira e a província de Sofala, em geral, destacando-se os prémios Ngoma Moçambique 1998/1999, com as composições Chiripo e Chirmurombo, respectivamente.
Ainda no presente ano, foi alvo de uma homenagem promovida pela Associação dos Músicos Moçambicanos.
Actualmente, para além de cantar a solo, Madala tem emprestado, muitas vezes, a sua voz à banda AZA, da cidade da Beira, uma das grandes animadoras de festas na urbe.
EDUARDO SIXPENCE
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