Luís Ranque Franque fundou a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), aos 4 de Agosto de 1963, na República do Congo-Brazzavile, um ano depois de ter sido ouvido pela quarta Comissão da Organização das Nações Unidas (ONU), como presidente do Movimento de Libertação do Estado de Cabinda (MLEC), criado por si em 1960.
Foi o único líder dos movimentos independentistas a discursar numa sessão da Organização da Unidade Africana (OUA), actual União Africana e, em 1975, proclamou em Kampala, Uganda, a independência do Estado de Cabinda que, entretanto, não se consolidou.
Com 83 anos de idade, Luís Ranque Franque, desde o congresso público na criação da FLEC em 1963, o único conclave federativo de expressão independentista de Cabinda e, que o elegeu como primeiro presidente do movimento que luta pela auto-determinação do enclave, emigrou para o Congo-Brazzaville, passando por Gabão até Canada, país onde permaneceu cerda de 20 anos antes de capitular-se às autoridades de Luanda, com as quais partilhou os últimos momentos da sua vida.
No exílio, Ranque Franque, a exemplo de outros líderes como Nzita Tiago, José Tiburcio, Nzinga Luemba e António Bento Bembe, foi mantendo movimentos livres do grupo que em vida representou, onde não só era identificado como partidário cabindês, apesar de não ter recebido mandato do povo tal como outros tantos líderes, justificava a sua acção política ainda que de maneira clandestina em nome dos elementares e legítimos desígnios do povo de Cabinda.
No entanto, Ranque Franque é tido como uma das emblemáticas personalidades da cena do nacionalismo cabindês e sem pretender qualquer exclusividade, nem e qualquer empreendimento sectário, considerava ser imperativo, à luz dos ideais de 1963, unificar as diversas personalidades do cenário político cabindês, para tornar credível uma pretensão diferente daquela negociada pelo grupo de António Bento Bembe.
A FLEC original de que Luís Ranque Franque foi presidente antes da sua morte em Luanda, quando convidada a pronunciar-se sobre os acordos entre o Governo e o FCD, reiterou o desejo de paz salvaguardando as legítimas aspirações da população do enclave.
A trajectória de Ranque Franque, para alguns membros da sociedade civil, como o Padre Raúl Tati, faz com que a sua figura representa uma personalidade incontornável na história de Cabinda.
Para nós, disse Raul Tati, fica o legado, o capital inicial que fez com que todos aqueles jovens se mobilizassem nas fileiras da FLEC, para a libertação do enclave de Cabinda.
O antigo vigário geral da Diocese de Cabinda afirma que a fase que marcou os líderes seniores da luta de libertação de Cabinda, como são os casos de Nzita Tiago e do própro Ranque Franque, está ultrapassada.
«Estamos numa fase com jovens com uma leitura diferente mas sem perder de vista os interesses supremos do povo de Cabinda, procuram novas maneiras de encontrar uma solução para o problema político de Cabinda. Portanto, não se perde o legado de Luís Ranque Franque, creio que o legado político que
deixou continua arreigado na mente e nos corações de todos nós de maneiras que rendemos a homenagem sentida a essa figura, por tudo que fez para o povo de Cabinda, por ter dedicado a sua vida apesar de não ter conseguido aquilo que sempre quiz.»
Raul Tati disse ainda que a luta e os ideais vão continuar até se alcançar o desejo do povo de Cabinda.(JM)
26.09.2007