O Presidente da Guiné-Bissau advertiu hoje para o "grande perigo" que o narcotráfico representa para a democracia guineense e defendeu que o problema deve ser erradicado com base numa visão que ultrapasse as fronteiras do país.
"O problema do narcotráfico que assola o nosso país representa um grande perigo para a democracia guineense, razão pela qual não pouparei esforços para que seja implementado o Plano de Emergência para o Combate ao Narcotráfico na Guiné-Bissau", afirmou João Bernardo "Nino" Vieira, num discurso para assinalar o 34º aniversário da independência do país.
"A nossa perspectiva é a de conjugar esforços regionais e internacionais porque o narcotráfico não é um problema guineense, mas um mal que tem que ser erradicado na base de uma visão que ultrapassa as fronteiras da Guiné-Bissau", refere no discurso gravado em França e divulgado nas rádios nacionais guineenses.
"Nino" Vieira encontra-se em visita privada a França, de onde partirá para Nova Iorque para participar na assembleia-geral das Nações Unidas.
Na mensagem ao país, o Presidente guineense lembrou a esperança que nasceu há 34 anos com a independência e reconheceu que falta concretizar "enormes desafios" para o desenvolvimento do país.
"A esperança que nasceu há 34 anos continua por realizar porque temos enormes desafios em matéria de desenvolvimento socio-económico, da consolidação da democracia, da estabilidade política e da boa governação política, económica e social", afirmou.
Reconheceu, contudo, que alguns progressos têm sido feitos, nomeadamente ao nível de acções levadas a cabo no seio das forças de defesa e segurança e o processo de reforma administração e de modernização do Estado para "erradicar um dos grandes estrangulamentos da boa governação e desenvolvimento do país".
"Temos de prosseguir em conjunto as nossas acções para eliminar os factores que ainda bloqueiam a emergência de uma Guiné-Bissau próspera", afirmou "Nino" Vieira, sublinhando que os factores estão identificados e passam pela instabilidade governativa e parlamentar.
"A instabilidade governativa e parlamentar que fragiliza a nossa jovem democracia é recorrente e implementada pelas divisões internas da classe política e pelo insuficiente diálogo entre as forças vivas da Nação e a ineficiência da gestão das nossas potencialidades económicas", disse.
No discurso, o chefe de Estado guineense lembrou que estão a ser desenvolvidos esforços com os parceiros bilaterais e multilaterais para assegurar a estabilidade política e reforçar os mecanismos de prevenção de conflitos.
"Nessa perspectiva, importa realçar com satisfação as acções do grupo internacional de contacto sobre a Guiné-Bissau e o início da implementação do grande projecto de construção da paz no nosso país", salientou "Nino" Vieira.
O Presidente da Guiné-Bissau terminou o discurso com um apelo à reconciliação nacional efectiva e reforçou que o único capital do país é o humano, "verdadeiro motor para o desenvolvimento".
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 25.09.2007