Há províncias a queixarem-se de que ainda não chegou o equipamento e material para o efeito
Com as províncias, sobretudo do Centro e Norte do país a queixarem-se de que o material e equipamento ainda nem chegou ao terreno, deverá ter inicio hoje o Recenseamento Eleitoral para habilitar a votar os cidadãos de idade superior a 18 anos até à data da realização das primeiras eleições para formação das Assembleias Provinciais, marcadas para terem lugar a 16 de Janeiro de 2007 e durante um só dia.
O recenseamento é simultaneamente digital e manual. Não está no entanto previsto que a impressão digital conste simultaneamente no registo electrónico e na ficha do mesmo cidadão em papel. E a CNE já disse que não dispõe de software informático para testar se a impressão digital de registo electrónico corresponde à impressão na ficha de papel, procedimento que a existir impediria qualquer registo de cidadãos mais do que uma vez.
Volvidos 32 anos de Independência os moçambicanos continuam a não possuir bilhetes de identidade por manifesta incapacidade dos sucessivos governos. Pelo facto são aceites registos de cidadãos por mero testemunho de dois outros que atestem a cidadania a quem se apresente em postos de recenseamento sem qualquer documento oficial.
Na empresa fornecedora dos equipamentos e materiais para este processo de recenseamento e posteriores pleitos tem interesses o chefe de Estado Armando Emílio Guebuza e o facto está já a criar celeuma em certos círculos informados, principalmente por as notícias de problemas com os meios para que o censo possa correr sem preocupações estarem a registar-se em zonas onde o maior partido da Oposição considera ter as suas principais bases de apoio, isto é nas províncias do Centro e Norte, se bem que presentemente defenda ter também fortes apoios no sul do país sobretudo na capital, Maputo e província com o mesmo nome.
O recenseamento será feito por brigadas fixas e móveis mas nem o Presidente da Comissão Nacional de Eleições, Dr. João Leopoldo da Costa, nem a CNE ainda foram capazes de esclarecer onde votarão os eleitores recenseados em brigadas móveis.
Sabe-se que a Lei obriga a que os cidadãos votem onde se recensearam.
Respondendo há dias a uma pergunta do «Canal de Moçambique» e do Semanário ZAMBEZE, o presidente da CNE disse que o número de brigadas móveis “varia de província para província” mas é de 30% a 40%, em média”.
Nas últimas eleições a abstenção situou-se em cerca de 40%.
O recenseamento eleitoral que hoje se inicia é de raiz e todos os cidadãos devem dirigir-se aos postos que é suposto virem a funcionar em todo o país.
De acordo com o plano previsto o recenseamento deverá decorrer até 22 de Novembro próximo.
Moçambique tem presentemente registados mais de quarenta partidos políticos e não se ouve, excepto de alguns, muito poucos, qualquer apelo mobilizador dos cidadãos para este processo de recenseamento eleitoral que hoje se inicia.
Os dos factores mobilizadores da cidadania neste recenseamento, no ponto de vista de alguns observadores, é o facto do cartão de leitor ser uma oportunidade dos cidadãos poderem passar a ter algo que os identifique como cidadãos do país. Daí se esperar que se dirijam em massa aos postos de recenseamento.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 24.09.2007