ANA DIAS CORDEIRO
O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, agradeceu ontem pessoalmente em Bruxelas ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, pelo seu empenho num processo de aproximação entre Cabo Verde e a União Europeia (UE). O processo, iniciado há uns anos UE para Cabo Verde, oficializada esta quarta-feira pela Comissão Europeia.
O anúncio foi feito em Lisboa pelo primeiro-ministro português, José Sócrates, na sua qualidade de presidente em exercício da UE.
Há dois anos, em Portugal, o ex-Presidente Mário Soares e o professor Adriano Moreira lideraram um movimento de defesa de adesão de Cabo Verde à UE, invocando a "identidade cultural" como critério de adesão para países como Cabo Verde ou a Turquia. Porém, a hipótese de adesão nunca foi assumida de forma oficial pelos governos português e cabo-verdiano, que privilegiaram sempre a opção mais consensual de parceria especial estratégica. Foi nesse caminho, e não no sentido de uma adesão plena, que Portugal teve um papel dominante dentro da UE.
"Foi com Durão Barroso enquanto primeiro-ministro de Portugal que se iniciou o processo" de aproximação, recordou José Maria Neves, citado pela Lusa, numa conferência conjunta no final de um encontro com o presidente da Comissão Europeia, em Bruxelas. "É um momento muito significativo na histórica relação entre a União Europeia e Cabo Verde", afirmou por seu lado Durão Barroso, explicando que esta parceria estratégica é "um sinal político forte" do reconhecimento da "especificidade" de Cabo Verde.
A parceria especial com a UE, e também com a NATO, é um dos principais objectivos da política externa do arquipélago, que vive com poucos recursos e uma grande dependência financeira externa. Apesar disso, Cabo Verde tem conseguido manter uma estabilidade política, atrair investimento e está entre os quatro países com a produção por habitante mais elevada dos 15 estados da região. Pelo bom desempenho, o arquipélago passará, a partir de Janeiro de 2008, da categoria de países menos avançados (PMA) para o grupo dos países de rendimento médio, deixando assim de ter acesso a apoios internacionais.
Em contrapartida, com este novo estatuto, Cabo Verde pode beneficiar do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional destinado às regiões ultraperiféricas da UE como os Açores, a Madeira e as Canárias.
A parceria especial com a UE era um objectivo da política do primeiro-ministro, José Maria Neves.
PÚBLICO - 26.10.2007