O presidente do Conselho de Ministros da União Europeia (UE) defendeu hoje em Acra que a Europa `tem o dever de contribuir´ para uma mudança, para melhor, das relações com África, numa altura em que a globalização assim o exige.
Falando na sessão de abertura da reunião das `troikas´ da UE e da União Africana (UA), que decorre em Acra, capital do Gana, país que ocupa a presidência da organização africana, o também chefe da diplomacia portuguesa, Luís Amado, adiantou que se vive actualmente no mundo um momento `especial´.
`Vive-se um momento muito especial, um momento de transição, em que importa mudar o relacionamento da UE com África. Com a globalização, as relações têm de ser diferentes e nós, Europa, temos o dever de contribuir para isso´, afirmou Luís Amado.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, que co-presidiu à sessão de abertura com o seu homólogo ganês, Hon Akwasi Osei-Adjei, sustentou que essas mudanças são já visíveis no relacionamento dos Vinte e Sete com outras regiões do mundo, exemplificando os já existentes com os Estados Unidos e a China.
`É com esse objectivo que foram feitos os dois documentos hoje aqui em discussão´ (Parceria Estratégica UE/África e Plano de Acção), acrescentou Luís Amado, que saudou o `forte empenhamento´ das duas partes na elaboração dos projectos.
Os dois documentos deverão ser aprovados hoje em Acra na reunião que se seguiu à sessão de abertura do encontro, que decorre agora à porta fechada, e que serão, depois, remetidos para os trabalhos da II Cimeira Europa/África, a 8 e 9 de Dezembro próximo, em Lisboa.
Sobre a cimeira de Lisboa, Osei-Adjei frisou que Portugal não pode deixar de a concretizar, uma vez que se trata de um acontecimento `muito importante para as relações entre os dois continentes´.
Em termos globais, disse à Lusa fonte ligada às negociações dos documentos, a nova Parceria Estratégica contempla três níveis: as relações intercontinentais (global UE/África), regionais (com organizações sub-regionais) e entre os `27´ e cada um dos Estados africanos (bilateral).
Segundo os termos previstos, caberá à Comissão da União Africana, composta por um presidente, um vice-presidente e oito comissários, acompanhar a aplicação do Plano de Acção.
A fonte destacou também o empenho da Comissão de Redacção dos dois documentos, composto por cinco elementos de cada uma das organizações, que deram início aos trabalhos no começo da presidência alemã da UE, mas que sofreram um `forte impulso´ quando Portugal, em Julho deste ano, substitui a Alemanha.
Além das reuniões bilaterais, esta comissão pretendeu alargar o debate à sociedade civil, mantendo encontros com representantes de organizações não governamentais, com as quais discutiu as necessidades das populações, informação tida em conta na elaboração dos documentos.
PÚBLICO - 31.10.2007