Os governos de Moçambique e da África do Sul estão a discutir o estudo de pré-viabilidade de uma fundição de ferro e aço, elaborado e apresentado por uma equipa de consultores num investimento estimado em mil milhões de dólares (714,2 milhões de euros).
Segundo o jornal Notícias, de Maputo, uma das razões para a implantação da unidade no território moçambicano é a disponibilidade de gás natural de Pande (sul de Moçambique), um dos pressupostos importantes quer para a produção de ferro quer do aço.
Isso mesmo foi afirmado pelo director nacional da Indústria moçambicano, Sérgio Macamo, que indicou haver condições para a viabilização do projecto.
"Do lado de Moçambique há gás, água e electricidade em quantidades suficientes para uma indústria desta envergadura e da África do Sul estão garantidos os minérios também em quantidades consideradas satisfatórias", assegurou.
De acordo com o estudo, o minério poderá ser transportado a partir de Phalaborowa, na África do Sul, para Moçambique por linha-férrea ou mediante uma conduta (minereduto) ou mesmo até pela combinação dos dois mecanismos.
As duas delegações, reunidas na África do Sul, indicaram que os governos têm um mês para fazer consultas internas antes da realização de nova ronda sobre o projecto.
Sérgio Macamo demonstrou algum optimismo ao afirmar que, se tudo correr bem, os primeiros lingotes de ferro e de aço poderão surgir em princípios de 2011, salientando ainda o comprometimento dos dois governos no projecto.
A deslocação da delegação moçambicana à África do Sul, chefiada pelo ministro da Indústria e Comércio, António Fernando, é a continuação das negociações iniciadas em Maio último.
Na altura, uma das recomendações foi a necessidade de se analisar aspectos chave, antes da formalização do projecto, idealizado em finais da década de 1990 pela Enron.
No entanto, acabou por não ir por diante devido à falência desta multinacional norte-americana e à queda dos preços de ferro e aço no mercado internacional.
Contas feitas na altura indicavam para a probabilidade de a fundição ter uma capacidade para exportar anualmente algo como dois milhões de toneladas de lingotes de ferro e aço para os mercados europeu, asiático e também para os Estados Unidos, através do porto de Maputo.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 08.10.2007