UMA onda de assaltos à mão armada, violações sexuais de mulheres e assassinatos têm vindo, ultimamente, a caracterizar o ambiente no Bairro da Liberdade, no Município da Matola. Parte destes casos ocorrem usualmente ao princípio da noite, por vezes sobre as “barbas” dos agentes da 4ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique (PRM), naquela zona, que mesmo solicitados mantêm-se indiferentes, como se nada de anormal estivesse a acontecer.
Maputo, Terça-Feira, 20 de Novembro de 2007:: Notícias
Um dos casos mais recentes registou-se na madrugada de ontem, em que uma jovem foi perseguida por um grupo de seis supostos violadores sexuais na rua de Nacala. Despertados pelos apelos de socorro, dois dos residentes da rua telefonaram para a Polícia, tendo esta garantido que se faria ao local. O facto não aconteceu.
Os malfeitores são ainda desconhecidos, mas alguns moradores disseram ao “Notícias” que, provavelmente, sejam também residentes do bairro. O facto fez com que as nossas fontes falassem sob a condição de anonimato.
Nas suas investidas, os malfeitores demonstram uma certa segurança e coragem, dado que chegam a actuar num raio próximo à unidade policial local, a 4ª Esquadra da PRM.
A insegurança na “Liberdade” tira sono aos residentes, piorando devido a uma suposta pouca importância que as autoridades policiais do bairro têm vindo a dar à situação. Dados em nosso poder indicam que, os casos de assaltos à mão armada na via pública, em que os cidadãos são retirados bens como telefones celulares, dinheiro, jóias, entre outros, são diários em vários pontos da “Liberdade”. Os de violações sexuais é que se registam de forma imprevisível, contudo, não passam muitos dias sem que se fale da ocorrência de um caso.
A 4ª Esquadra da PRM divulgou um número de telefone (21748476) pelo qual os cidadãos podem participar casos anómalos durante 24 por dia. Entretanto, as nossas fontes afirmam que quando telefonam é frequente o agente assegurar que a patrulha irá ao terreno e esta não é vista até que o crime se consuma e os bandidos abandonem o local dos factos.
No caso da madrugada de ontem, uma das moradoras diz ter despertado ao som dos gritos de socorro emitidos pela jovem, cerca das duas horas. Impotente, conseguiu acordar um dos vizinhos e juntos telefonaram para a esquadra. Houve garantias de que a Polícia chegaria ao local instantes depois, facto que não aconteceu. Junto ao muro que dá acesso à rua assistiram os seis indivíduos procurando pela vítima, que se escondera num quintal.
Segundo contou, a moça, receando ser alcançada, mudou de esconderijo, altura em que os perseguidores dividiram-se em dois grupos e cercaram a zona, obrigando-a a refugiar-se em direcção à Explanada Zanzibar, uma casa de pasto existentes nas imediações.
A nossa interlocutora ajuntou que esta manhã procuraram saber qual teria sido a sorte da moça, mas até ao início da tarde não havia certezas.
Joaquim Jasse, Comandante da 4ª Esquadra da PRM, disse que não houve registo de alguma chamada de socorro feita cerca das duas horas. Ajuntou que se fosse algo sério, a vítima teria participado o caso durante a manhã de hoje, facto que, segundo assegurou, não aconteceu.
Expressando-se com reservas, alegadamente por não ter sido autorizado a falar à Imprensa, o comandante disse que há indivíduos que às vezes decidem “brincar” com a Polícia dando falsos alarmes.
O comandante apelou aos residentes para que participem os casos à Polícia porque, segundo disse, no bairro existem cerca de 74 mil habitantes, não sendo possível garantir-lhes segurança sem a sua colaboração.