NA província de Nampula, grande parte da degradação ambiental é derivada do exercício da actividade mineira do sector familiar, situação que está a contribuir para desperdício de alguns recursos naturais não renováveis, como é o caso específico da água.
Maputo, Sexta-Feira, 30 de Novembro de 2007:: Notícias
Em Nampula, a exploração aluvionar do ouro ocorre nas regiões denominadas de “senha mineira” de Murrupula, Jagoma, no distrito de Moma, Muva, em Mogovolas, Helaca e Chororo e Topotolo, em Nacaroa, à luz de uma autorização do Ministério dos Recursos Minerais, supostamente para aumentar a renda das populações residentes nas zonas em alusão.
Todavia, as comunidades que se dedicam àquela actividade, cujo número real as autoridades governamentais desconhecem, desenvolvem-na desprovidas de qualquer técnica moderna de exploração dos minerais ali existentes, como forma de salvaguardar o meio ambiente e dos recursos de eventuais danos decorrentes das operações de escavação e outras.
A necessidade de observância dos cuidados acima referidos, resulta da triste realidade constatada pela nossa Reportagem no distrito de Murrupula, região onde o rio que se localiza numa das zonas de exploração do ouro, deixou pura e simplesmente de existir, devido às escavações feitas no seu leito e a destruição da flora que havia nas margens.
A preocupação torna-se extrema quando se sabe que apenas os garimpeiros de Muva e Jagoma, detêm o domínio das técnicas básicas contemporâneas de exploração dos recursos minerais (caso específico do ouro).
Estudos recentes desenvolvidos pelo projecto para o desenvolvimento sustentável do sector mineiro na região austral de África, referem que a actividade mineira do sector familiar no nosso país, constitui uma das causas principais do desperdício dos recursos hídricos e outros considerados não renováveis.
Tal resulta do facto de esta actividade estar a ser exercida na base de processos muito ultrapassados (rudimentares).
Exercida por indivíduos economicamente pobres e sem formação académico-profissional, realidade que muitas vezes lhes veda o acesso ao mercado formal, esta mineração, aliada às técnicas em uso, acaba não constituindo alternativa para o aumento da renda familiar, tal como é o desejo do Governo.
Consta que o nosso país à semelhança de outros tantos da região austral, não tem feito investimentos assinaláveis visando a modernização das técnicas de extracção mineira.
Com efeito, na província de Nampula a única unidade mineira dotada de tecnologias modernas de extracção é o megaprojecto das areias pesadas de Moma que, aliás, pertence ao sector privado.
As carecidas minas de Mavuko, em Moma, onde ilegalmente se exploram pedras semi-preciosas, as de calcário em Mecubúri e as já referidas de ouro, tudo se faz na base empírica.
Para ter a mínima noção da necessidade de investimento nestas áreas, importa referir que cerca de meio milhão de hectares de terra se ressentem anualmente das perturbações decorrentes da actividade de mineração, com maior incidência para a mineração doméstica que é feita a céu aberto.
Pelo menos em Nampula, algumas zonas estão com a topografia e a paisagem alteradas bem como registam acumulação indesejável de sedimentos.
Assane Issa