Tomáz Salomão enrouquece a voz e diz que Cimeira de Lisboa deve ver a floresta e não a árvore
A COMUNIDADE para o Desenvolvimento para a África Austral (SADC) não permitirá que a cimeira UE/África de 08 e 09 de Dezembro, em Lisboa, discuta a situação no Zimbabué, noticiou recentemente
o jornal Herald. As declarações do secretário executivo da SADC, Tomaz Salomão, foram proferidas terça-feira, em Moçambique, no dia em que o Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, assistiu à cerimónia de entrega da barragem de Cahora Bassa ao Estado moçambicano e confirmou que estará presente na cimeira de Lisboa, de acordo com o Herald do Zimbabué.
Salomão defendeu que «o encontro deve concentrar-se nas relações entre a Europa e África e não no Zimbabué», acrescentou o diário.
«A SADC não aceita ir a Lisboa discutir o Zimbabué porque a cimeira não é sobre o Zimbabué mas sobre as relações entre a União Europeia e África», afirmou secretário-executivo da Comunidade.
«As sanções impostas ao Zimbabué são prejudiciais para a economia do país, apesar de a Europa não querer aceitar esse facto.
Eles preferem chamar-lhes medidas restritivas mas para nós são sanções e a nossa abordagem tem sido fazer com que sejam levantadas», disse.
O responsável afirmou que o que o bloco regional está a trabalhar em medidas para ajudar o Zimbabué a recuperar a economia, tal como mandatado pelos líderes da SADC nas cimeiras de Dar-es-Salaam, na Tanzânia, em Março, e na de Lusaca, na Zâmbia, em Agosto.
Tomaz Salomão adiantou que os ministros das Finanças da SADC se reuniram recentemente em Lusaca para delinear o caminho a seguir e traçar intervenções especificas para ajudar o Zimbabué depois de terem sido mandatados para tal pelos líderes da SADC.
As declarações de Tomás Salomão foram proferidas no mesmo dia em que Mugabe confirmou que
estará presente na cimeira de Liboa, e que o primeiroministro britânico, Gordon Brown, garantiu a sua ausência mas que se fará representar.
Em Setembro, o presidente da SADC e chefe de Estado da Zâmbia, Levy Mwanawasa, avisou que o bloco regional boicotaria a cimeira se Mugabe fosse excluído do encontro, segundo o Herald.
Mwanawasa afirmou que a exclusão de Mugabe não seria do interesse do diálogo e que lideraria um boicote à cimeira se o Presidente do Zimbabué fosse impedido de se deslocar a Lisboa para o encontro, refere o jornal.
O presidente da SADC e da Zâmbia refere ainda acreditar que o diálogo é importante para resolver qualquer problema e que quem tem problemas a resolver com Robert Mugabe tem de se reunir com
ele para encontrar uma solução.
Segundo o Herald, o Reino Unido não deverá ser representado por qualquer ministro, podendo a representação vir a ser preenchida por um embaixador, mas Downing Street ainda não tomou uma decisão.
OBSERVADOR - 30.11.2007