Pelo menos três elementos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) de São Tomé e Príncipe foram feridos a tiro hoje de madrugada durante confrontos com efectivos das Forças Armadas no Comando Geral da Polícia Nacional.
Segundo a agência Panapress, que cita fonte hospitalar na capital são-tomense, uma das três vítimas, uma mulher, é o caso que inspira mais cuidados, encontrando-se em estado "muito grave", depois de ter a cabeça perfurada por uma bala.
Os restantes dois feridos foram atingidos na cara e na perna.
O exército de São Tomé e Príncipe tomou hoje de madrugada de assalto a sede da polícia, depois de ter sido novamente ocupada por membros das forças especiais, os "ninjas", que se amotinaram para reclamar o pagamento de indemnizações em atraso.
"As Forças Armadas de São Tomé e Príncipe ocuparam o comando geral da polícia nacional para repor a ordem na instituição", afirmou hoje o comandante do exército são-tomense, tenente-coronel Idalécio Pachire, num comunicado lido na rádio nacional.
"Desta forma, foi posto fim ao motim", acrescentou, sublinhando que as Forças Armadas prenderam cerca de uma dezena de membros daquela unidade de elite do exército são-tomense.
Segundo fontes militares, a operação começou às 03:00 locais (mesma hora em Lisboa), depois de os "ninjas" terem ocupado sábado a sede da polícia pela terceira vez em menos de um mês.
Hoje de manhã, a sede do comando policial são-tomense estava sob controlo das Forças Armadas e a situação estava aparentemente calma. No entanto, a meio da manhã foram ouvidos disparos na área circundante ao comando policial.
Em Outubro último, cerca de 100 "ninjas", nome pelo qual são conhecidos os efectivos da PIR, ocuparam o Comando Geral da Polícia durante cerca de duas semanas para exigir o pagamento dos subsídios resultantes da sua formação em Angola em 2003.
O Exército cercou o Comando, colunas militares patrulham a cidade e é visível um reforço de dezenas de soldados estacionados ao largo da principal praça de São Tomé e em vários pontos considerados estratégicos.
Na unidade da Guarda Costeira, onde funciona o Ministério da Defesa, o aparato militar é grande, enquanto a bem treinada e equipada Guarda Presidencial está em alerta máximo, com altas patentes do Exército, que normalmente se vestem a civil, a envergar camuflados.
Alguns elementos da PIR em fuga já fizeram saber que, caso se registem baixas, vão proporcionar um contra-ataque, pelo que, caso se concretize, São Tomé e Príncipe poderá conhecer a primeira guerrilha urbana da sua história.
Até agora, o governo são-tomense não se pronunciou.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 04.11.2007