Complicado mundo este. A UE e os EUA, que querem continuar a ter o dom de dirigir o mundo, uns pela filosofia, outros pelas armas, vivem reclamando dos países árabes, e não só. Ameaçam o Irão por ele querer o controle da fissão nuclear, a que tem o mesmo direito que qualquer outro, mas pode vir a desequilibrar o “equilíbrio” petroleiro que os states fazem questão de controlar! Fingem que querem um estado palestino e fingem que discutem isso há quase 60 anos, sem jamais dar uma solução ao infindável conflito. Destruiram o Iraque para se apoderarem do petróleo e não sabem como sair do vespeiro que criaram. Etc.
Agora vá de “malhar” no programa político da Rússia, porque o Putin é quem manda e será quem mandará por um bom tempo ainda. Depois do desmantelamento da URSS, a Rússia virou uma bandalha. A máfia assumiu, o ocidente ajudou, os russos perderam a dignidade e passaram a ter vergonha do país, esquecendo o seu passado. O sr. Putin veio trazer-lhes de volta esse senso de valor nacional, batendo o pé ao states, e muito bem batido, podendo, sempre que quiser, jogar com a UE que depende do seu indispensável gás.
Lembra os anos 30 do século passado quando os Aliados, depois de vencerem a I Guerra Mundial, imposeram tais condições de sobrevivência achincalhada à Alemanha que fez surgir um líder patriota, louco, mas que devolveu ao povo a sua história, a sua capacidade de reagir, levando-o a grande desenvolvimento e infelizmente, a maior desastre.
Fala-se muito em direitos humanos e o “1° Mundo” decide ingerir-se nos países que não “cumprem” com a Carta do Direitos Universais. Enviam-se missões de paz e socorro para o Darfur, onde se morre de tiros e de fome, mas esquece-se o Zimbabwé e até o Congo, ambos comandados por facínoras chamados Mugabe e Kabila, o sr. Sarkozy lambe as botas ao ignóbil Kadafi para lhe vender uns bilhões de euros em aviões combate engasgados à saída da fábrica, e instalações nucleares, e ninguém fala em outros facínoras como o “Conselho de Estado” da ex-Birmânia, agora Mianmar, onde o exército está a dizimar, DIZIMAR, as etnias “Karen”, 7% da população birmanesa, que não têm quem os defenda nem quem faça chegar o seu grito de socorro à ONU. A la Biafra.
Tudo isto sem esquecer o desastre que os caudilhos sul americanos estão a preparar para os seus povos: Venezuela, Equador e Bolívia, por enquanto!
E o Brasil? Prossegue, com a graça de Deus (que parece ser mesmo brasileiro); já que governo é coisa que não existe – pelo menos não governa – uma vez que só se preocupa com a partilha da res publica entre as reses que vergam a espinha ao Grande Líder.
Ainda ninguém se apercebeu que não tarda muito são os chineses que exportam soja e café para aqui... para distribuir no Bolsa-Malandro!
Parece que não saímos do paleolítico!
Francisco. G. Amorim - JORNAL DO BRASIL - 18.12.2007